Quase como novos

Para economizar vale a pena mandar roupas para o conserto

Comprar roupas no Brasil custa caro, muito caro. De acordo com uma pesquisa divulgada em abril de 2014 pelo Banco BTG Pactual, com as roupas da marca Zara como referência, o Brasil é o país com os maiores preços do mundo, como mostra o estudo, feito em 22 dos 87 países onde a grife espanhola tem lojas instaladas. Usando um vestido como exemplo, a mesma peça pode custar US$ 55 na Espanha, US$ 79 nos Estados Unidos e mais de US$ 171 no Brasil.

O “índice Zara” apontado pelo relatório só reforça o que todos nós já sabemos: que ter roupas novas e andar na moda pode pesar muito no orçamento. E isto não acontece só com as roupas de grife, mesmo as peças de marcas mais acessíveis também têm valor elevado. Mas, então, o que é possível fazer para ter estilo e não ficar com o bolso vazio? Para a consultora de estilo e imagem Juliana Bacellar, além de pensar bem antes de cada compra, fazer alguns ajustes nas peças que você já possui em seu armário pode ser uma boa alternativa.

Entre os consertos que compensam, segundo Juliana, estão aqueles feitos em roupas produzidas com tecidos de boa qualidade, como couro, lã, jeans, seda e também nas peças de alfaiataria. “Estes consertos podem estender a vida útil de uma roupa. Com cerca de R$ 15, por exemplo, você pode acinturar uma camisa com uma costureira e deixá-la com um caimento perfeito”, diz. No caso das roupas novas, o alerta é apenas em relação ao caimento, se a peça precisar de muitos ajustes provavelmente ela não será uma compra boa e econômica.

Fazer pequenos ajustes pode aumentar a vida útil de algumas peças. (Felipe Rosa)

De acordo com a consultora, para quem vive em Curitiba, vale a pena dar uma atenção especial às roupas de inverno, como casacos e sobretudos de lã, peças de alfaiataria, como calças e blazers, e os itens em couro e também couro ecológico, como jaquetas e calças. “Estas peças custam mais caro e dificilmente saem de moda, assim, compensa consertar algum defeito, trocar botões, fazer ajustes ou manutenção como pintura ou hidratação, no caso do couro”, orienta. Outro item que pode passar pela costureira são os vestidos de festa, igualmente caros e que podem ser repetidos em mais de um evento.

Outros truques

Para economizar ainda mais, ela recomenda alguns cuidados antes de sair comprando tudo o que se vê pela frente, especialmente nas liquidações. “Procure conhecer seu corpo, qual é o formato dele e quais peças te favorecem. Não vá atrás somente do que está na moda e sim do que te cai bem. E, ao comprar uma peça, pense se você vai realmente usá-la. Comprar um item de qualidade que fique perfeito em você compensa mais do que adquirir várias peças mais baratas, que não servem bem e que não serão tão usadas”.

E parece que muitas mulheres conhecem bem estes truques de moda e estilo. A proprietária da Suíssa Costuras, Ligia Maria Forti, diz que suas clientes são fiéis e que trazem todo o tipo de peça para serem cuidadas por sua equipe de costureiras. “O que mais aparece é ajuste de cintura e de barra das calças. Também temos clientes que engordam ou emagrecem e precisam de ajuda, para que as roupas voltem a servir bem”. Segundo ela, a maioria das peças pode ser consertada, exceto biquínis e peças muito desgastadas, em que o tecido esteja pouco resistente.

Fátima já aprendeu o t,ruque: costuma levar seus sapatos ao conserto pra durarem mais, em especial as botas, que devem receber mais atenção.

Dos pés à cabeça

E não só as roupas novas que custam caro, sapatos novos também podem pesar no bolso das brasileiras. Assim, cuidar daqueles dos quais tanto gostamos também pode representar uma economia. O sapateiro da Birck Sapataria, Chaveiro e Afiações, Cleverson da Cruz, diz que 70% dos seus clientes são mulheres e que elas trazem todos os tipos de sapatos, botas e sandálias para arrumar. Entre os serviços mais executados, ele destaca a troca dos tacos, que pode custar, em média, R$ 10, e também a pintura de botas (inclusive as de camurça), que sai por cerca de R$ 27. “Consertamos diversos tipos de sapatos. O serviço costuma compensar, mas isto depende da condição do sapato, se a pessoa gosta muito dele, se é confortável e do preço, o que foi pago na compra e também o da reforma do calçado”.

A auxiliar de serviços gerais Fátima de Souza, de 50 anos, é uma destas clientes, que, de olho na economia, costuma levar seus calçados ao sapateiro. E último par que ela levou para consertar foi uma bota, já pensando no próximo inverno. “Comprei esta bota e usei bastante, mas de uns tempos para cá ela passou a apertar na canela. Assim, resolvi mandar arrumar e trocar os tacos. E acredito que compensou, vou poder usá-la por mais tempo. Se tivesse que comprar uma nova, sei que custaria caro”. Botas que, aliás, de acordo com a consultora Juliana Bacellar, são um dos melhores itens para serem consertados. “Botas são um dos calçados mais caros, então, vale a pena cuidar delas. Outros calçados que podem ser usados por muitos anos, se bem conservados, são os scarpins e sandálias de festas”.

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