Pais devem avaliar antes de ter um animal de estimação

De repente, vem o pedido: “Mãe, quero ter um bichinho de estimação!”. Nem todas as crianças param de insistir na primeira negativa. Aos poucos, a mãe pode ser convencida sobre a inserção de um animalzinho em casa. Mas nem sempre as mulheres querem um cachorro, gato, pássaro ou outro animal doméstico, prevendo que ele vai demandar cuidados ou que criança não vai poder arcar com todas as responsabilidades sobre o bicho. A mãe deve analisar bem os prós e contras antes da entrada do novo integrante da família.

A assistente de telecomunicações Danielle Dubyna recentemente deu de presente para a filha Ana Luiza, de quatro anos, um filhote de cachorro, da raça Lhasa Apso. O animalzinho, que ganhou o nome Bob (sugestão da própria menina), veio depois de vários pedidos da criança. “Ela sempre foi fascinada por animais e foi pedindo aos poucos. Quando via um cachorro na rua, ela já queria pegar. Não tem medo algum. Chegamos a dar um cachorro de pelúcia para ela, mas não adiantou. A Ana disse que queria um de verdade”, comenta.

Danielle e o marido pensaram bastante e, apesar de lembrarem sobre o trabalho que um cachorro traz, ponderaram e concluíram que o animalzinho poderia fazer companhia para a filha. O casal contou para Ana que ela ganharia de Natal um cachorrinho, mas só puderam pegar o filhote depois da data. Pai e mãe armaram uma surpresa para a filha, que foi surpreendida um dia em casa com a presença do bichinho. “Optamos pelo Lhasa Apso por ser uma raça que já conhecemos e sabemos que é um cachorro pequeno, de fácil educação e que se dá bem com crianças. O animal ajuda a educar e a ter valores”, explica Danielle.

Ela conta que teve uma conversa com a filha sobre como seriam as mudanças com a chegada do animal de estimação. “Conversamos porque ela precisa ter senso de responsabilidade. Afinal, foi ela quem quis o cachorro. Deixamos claro que o bichinho só viria se ela ajudasse a criar”, afirma Danielle. Lógico que muitas coisas ficarão sob responsabilidade dos adultos, mas Ana já ajuda nos cuidados com o Bob. “Nós dois fizemos uma parceria, até porque nós dois também gostamos de cachorros e sempre fomos criados com animalzinho em casa”, declara.

É preciso considerar a intenção da criança

Para a psicóloga Josiane Knaut, professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo, a primeira atitude da mãe diante dos pedidos dos filhos para ter um bichinho de estimação deve ser uma profunda avaliação. A mulher precisa analisar o objetivo, a razão dos filhos pedirem o animalzinho e se ela deseja ou não ter um novo integrante na família. “O animal faz bem para a criança. Ajuda na responsabilidade e no desenvolvimento motor e de afetividade”, esclarece.  As atividades com os animais são prazerosas e diminuem o estresse, de acordo com Josiane.

A psicóloga aconselha a mãe a refletir se está pensando em comprar ou adotar um animalzinho apenas para atender aos pedidos da criança e não ter que lidar com os questionamentos que vêm após as negativas. “Não dá para simplesmente ceder aos pedidos por não saber lidar com isto”, salienta.

A psicóloga ressalta que, para a experiência de ter um animalzinho de estimação ser satisfatória, todos na família precisam concordar e estar cientes das responsabilidades que terão com o bichinho. “Precisa ser gratificante para todos, para que não seja motivo para estresse. A mãe pode atribuir algumas responsabilidades para a criança, mas ela não vai dar conta de tudo. Isto faz parte. Por isto é necessária uma avaliação”, destaca.

Fazendo isto, não há riscos de até os pais brigarem por causa do bicho de estimação. Em um momento de apreensão por causa dos cuidados com o animalzinho, pode vir a frase: “Eu diss,e que não era para dar o bicho’”. Ou ainda qualquer outra em que a mãe “desconta” no filho por causa do cachorro. E isto vai causar estresse para todo mundo. “Se a mãe não sabe dizer não e cede por pressão, pode ocorrer prejuízo na relação da família. A criança vai ter o benefício do contato com o animal, mas haverá prejuízo na relação com a mãe”, revela Josiane.