Interesses desvendados

Orientação é a solução para quem tem dúvidas na carreira

O momento de escolher uma carreira é crucial, seja para estudantes, vestibulandos ou para profissionais que estão insatisfeitos e desejam mudar de área. Mas esta tarefa nem sempre é fácil. Entre os fatores que geram dúvida e ansiedade, está a crença de que esta carreira deverá ser única até a aposentadoria, ideia que pode representar um verdadeiro martírio para quem não se sente realizado profissionalmente. Para não errar antes de entrar em um curso universitário ou ao mudar de emprego para uma área completamente diferente, uma solução pode ser participar de um processo de orientação profissional.

De acordo com a psicóloga e orientadora profissional Tálita Rodacki, “antigamente, havia o conceito do teste vocacional, mas ele não é mais utilizado de forma isolada”. Para ajudar profissionais em início ou em momento de mudanças na carreira, hoje é utilizado o conceito de orientação profissional. “É algo mais amplo, que promove o autoconhecimento do profissional com diversas atividades propostas por um psicólogo”, explica.

A psicóloga conta que um processo de orientação pode durar de dez a 12 encontros realizados em grupo ou de forma individual, por um período médio de três meses. Durante os encontros, os indecisos passam por conversas, testes, pesquisas e dinâmicas que visam auxiliar o participante a compreender que trabalho vai fazer com que ele seja feliz. “Esse processo pontual ajuda, mas não é o psicólogo quem indica qual é a profissão ideal para cada pessoa. Quem escolhe é o próprio estudante ou profissional, de acordo com suas competências, afinidades, seguindo o que gosta ou não de fazer”, comenta.

Além do gosto e das aptidões pessoais, influenciam na escolha da carreira a situação social do profissional, a opinião de amigos e parentes e a condição financeira, que pode facilitar o investimento em cursos de capacitação, por exemplo. Mas não é só isso. Fatores externos, como as necessidades do mercado em determinadas áreas e os salários pagos também podem determinar a definição da profissão. “Apesar da pressão da família e da sociedade, esta decisão deve ser pessoal. É importante cuidar para que opiniões de outras pessoas não se sobreponham à sua própria vontade”, indica a psicóloga.

A professora e diretora de Recursos Humanos do Grupo Unintes, Maria Tereza Ferrabule Ribeiro, concorda. “A visão do RH está mudando. Hoje, se leva em consideração se os funcionários estão felizes, se dão retorno em criatividade e inovação. Se for necessário mudar de carreira para alcançar estes resultados, tudo bem. As pessoas voltaram a ser vistas como pessoas e não como ferramentas de trabalho”. Lidando diretamente com jovens e estudantes, a professora lembra que “acontece do estudante já estar matriculado em um curso e por falta de experiência na área, idealizar a profissão; ao chegar ao mercado, este aluno pode adorar suas atividades ou se decepcionar ao se deparar com a realidade”. Mas para Maria Tereza, nada fica sem solução. “Sempre há tempo e espaço no mercado para quem quer recomeçar. Eu acredito no talento e nas competências, não acho que a idade ainda seja mais importante”.

Quase formada e decidida

A técnica administrativa Maria Solange de Souza, de 28 anos, está cursando o 6º período do curso de Administração. Hoje decidida e focada no trabalho de conclusão de curso e em breve na formatura, ela já teve dúvidas sobre sua carreira. “Comecei a trabalhar na área administrativa, mas não pensava em seguir carreira. Minha vontade era cursar Psicologia. Durante meu trabalho, f,ui percebendo que dentro deste setor havia muitas possibilidades, entre elas, lidar com pessoas. Assim, voltei a estudar e decidi pelo curso de administração”.

Prestes a se tornar uma profissional formada, Maria Solange acredita que mesmo com dúvidas, o importante é não desistir. “Tive momentos de incerteza e insegurança no começo. Agora, no fim do curso as preocupações são outras, penso em meu futuro, sei que meu sucesso depende de mim. Para ter um bom desempenho em meu trabalho pretendo continuar me desenvolvendo. Assim que terminar a faculdade, quero fazer uma pós-graduação na área de gestão de pessoas”.

Para quem ainda está incerto sobre qual caminho seguir, mas por algum motivo não tem acesso a um processo de orientação, a psicóloga Tálita Rodacki orienta: “Pesquise em sites, revistas ou em outras publicações sobre a profissão que você gostaria de seguir. Converse com profissionais que atuam na área e saiba como é a rotina de trabalho deles. Pergunte a si mesmo se seria agradável realizar estas atividades ou se este estilo de vida seria bom para você. Ao responder a estas perguntas você estará se conhecendo melhor, facilitando suas decisões”.

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