Todo o dia é a mesma coisa. Choro, briga, cara feia. Você já fez teatro, aviãozinho, brigou. Mas não adianta: seu filho não quer saber de comer.
O dilema é uma das queixas mais freqüentes nos consultórios de pediatria e uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos pais de primeira viagem. Se você está vivendo este tormento dentro de casa confira o que se deve ou não fazer.
Comportamento ou doença?
Lembra quando seu filho comia as papinhas com gosto e alegria? Pois é, infelizmente este quadro costuma mudar a partir dos dois anos.
Até o primeiro ano de vida a criança precisa ganhar peso e o ritmo de crescimento é muito acelerado. Por isso o alimento é geralmente muito bem aceito.
Com dois anos o ritmo de crescimento decai e ela precisa de uma quantidade menor de calorias, o que influencia diretamente no apetite. Além disso, nesta fase a criança está descobrindo o mundo e parar para comer pode ser uma grande perda de tempo.
Para a pediatra Clarice Warnecke, os pais devem se preocupar com a falta de apetite da criança quando for freqüente e ela apresentar perda de peso e baixa na atividade.
Se a criança estiver com seu peso e altura nos limites normais recomendados para a sua idade pode-se pensar que a inapetência (como o termo é chamado pelos médicos) é transitória ou está ligada a questões comportamentais. “A falta de apetite pode ser uma maneira da criança exprimir que algo de errado está acontecendo, uma maneira de chamar a atenção. Pode ser até uma maneira da criança manipular os pais”, explica.
Nestes casos a postura dos pais é fundamental para que a criança aprenda hábitos corretos no que se refere à alimentação.
A médica explica que os pais devem evitar malabarismos como o famoso ” aviãozinho” ou pedir ajuda da televisão para desviar a atenção da criança. Brigar nem pensar, pois ela deve aprender que comer é um hábito saudável e prazeroso.
O correto é insistir um pouco e nunca substituir as refeições por outros alimentos. ” A criança deve estar ciente de que se ela não comer naquele horário, terá que esperar o próximo e ela precisa fazer uma escolha. Assim aprende os hábitos corretos – hora de comer é hora de comer não de brincar”, ressalta .
Mas sempre vale uma consulta ao pediatra para se certificar de que a criança está crescendo e se desenvolvendo dentro do esperado e para receber orientações personalizadas.
Dicas
– Transforme as refeições em momentos prazeirosos. Respeite os gostos do seu filho, deixe o prato bonito, apetitoso, cheiroso e varie o cardápio.
– Respeite os horários e evite dar lanchinhos, biscoitinhos, salgadinhos entre as refeições.
– Não negocie as refeições. Nada de ” vender” o almoço em troca da sobremesa ou de um presente.
– Mantenha a calma. Se a criança perceber que desperta reações nos pais recusando o alimento, certamente ela irá usar a comida para manipular ou chamar a atenção.
– Não exagere no prato. Coloque uma porção adequada ao que a criança é capaz de ingerir.
– Sucos e água também “enchem barriga”. Por isso evite-os durante as refeições.
– Jamais brigue ou grite com a criança se ela não quiser comer. Assim ela poderá associar as refeições a punições ou castigos.
– Dê o exemplo. O prato dos pais deve ser composto de todos os grupos de alimentos e deve ser ingerido com gosto.
– Tenha paciência e seja otimista. Não desista!