Uma vez por mês, tem muita mulher que preferia ter nascido homem. A cólica é tanta que elas ficam irritadas e só querem saber de uma cama quentinha, um analgésico e uma bolsa de água quente (mesmo no verão!). De acordo com a ginecologista Maria Letícia Fagundes, a cólica menstrual, chamada de dismenorreia primária, é comum para metade das mulheres.
Ela explica que, durante os primeiros estágios do ciclo menstrual, enquanto o corpo está se preparando para receber uma possível gestação, o revestimento do útero se torna muito espesso. Como a gravidez não ocorre, o organismo precisa se livrar dessa preparação. “Quando o ciclo se completa, algumas células liberam grandes doses de uma substância chamada prostaglandina, que faz o útero contrair, causando a cólica menstrual”, explica.
As mais jovens sofrem mais, já que têm um útero ainda pequeno, com o orifício de saída menor. Este é o caso da estudante Beatriz Feijó Correa, 15 anos. “Sinto uma dor muito forte na barriga e nas costas, constante. O fluxo é grande, e muitas vezes o remédio não ajuda a aliviar. Às vezes a pressão cai e nem dá vontade de ir pra aula”, conta. Mas ela pode ficar tranquila, pois a intensidade diminui conforme a idade chega.
“À medida que a adolescente vai ficando mais velha, seu útero cresce e a prostaglandina liberada tem espaço para espalhar-se, diminuindo a cólica”, explica Maria Letícia. A dor pode ficar ainda mais fraca depois de um parto, já que o colo uterino fica mais aberto e facilita a saída do sangue e da prostaglandina. Foi o que sentiu a advogada Juliana Molina, mãe do Ricardo, de apenas dois anos. “Depois que ele nasceu, as dores diminuíram”, garante.
Uma recomendação dos ginecologistas para diminuir a intensidade da cólica é usar anticoncepcionais. “Os hormônios contidos nesses medicamentos provocam atrofia do endométrio, local de produção da prostaglandina, fazendo com que haja menor contração do útero”, afirma Maria Letícia.
Mesmo assim, a dor pode não acabar e cada mulher tem que encontrar um jeito de lidar com ela. Quem não tem bolsa de água quente usa até secador de cabelo para esquentar a barriga e aliviar a dor. Juliana, por exemplo, gosta de tomar chás quentes e já experimentou vários analgésicos. “A única dificuldade que tenho é encontrar um remédio que ainda faça efeito depois de três meses”, brinca.
Mãe há mais tempo, a assistente administrativa Fabiane Winnikes ainda tem cólica, mesmo que o filho, Felipe, já esteja com oito anos. “Uso a bolsa de água quente depois do banho, quando vou dormir. No resto do dia, tento ficar quieta e não me mexer muito. Sou fiel ao analgésico, não costumo mudar. Também acredito em algumas crenças populares, como não dormir com o cabelo molhado quando menstruada e não andar descalça”, revela.