Na falta de mão de obra, o marido de aluguel resolve!

Paulo Cruz e Caique Brito são maridos de aluguel. Eles fazem tudo que seu próprio marido não tem tempo ou disposição. Mas não é isso que você está pensando. Eles não são acompanhantes para qualquer hora, apenas quando há problemas no encanamento ou é preciso instalar a máquina de lavar, uma persiana ou um varal. Na falta de mão de obra, se tiver alguma dessas dificuldades, basta chamar o marido que ele faz tudo.

As mulheres “alugam” Cruz há 11 anos. Ele começou a fazer pequenos reparos para amigos  por conta própria, até que seu negócio cresceu. Há dois anos, ele resolveu abrir a própria empresa. Logo seus clientes poderão pagar pelos serviços com cartão de crédito. Brito viu que este era um bom negócio, depois de trabalhar com instalação de filtro de água. Com o boom da construção e o acesso mais facilitado à casa própria, os dois são donos hoje de uma carteira de clientes enorme.

“Sou bem organizado e tenho uma planilha no computador com o nome de todos os meus clientes. A cada dia, mais gente me liga”, conta Cruz. Uma das clientes é a decoradora Neusiane Fernandez. Há cerca de um mês, ela se mudou para um condomínio no Bairro Alto e, por isso, precisava de uma forcinha para instalar uma torneira com água quente, além de reparar luminárias e lustres. “Paulo é meu braço direito. Eu prefiro ele ao meu marido para fazer essas coisas. Confio mais no trabalho dele”, confessa.

Cruz atende, em média, quatro clientes por dia. Todos devem ser agendados com antecedência. A maioria é, sem dúvida, mulheres. Porém, ele diz ser muito requisitado também pelo público homossexual, estudantes que moram sozinhos e homens que não têm tempo, habilidade ou a ferramenta certa. “Normalmente, os homens têm uma furadeira hobby, que não é tão potente para instalar uma persiana, por exemplo”, diz.

Com tanto serviço, ele já passou por algumas enrascadas. Certa vez, a dona de uma pastelaria pediu que ele instalasse um tanque devido a uma exigência da Vigilância Sanitária. “Geralmente, eu vejo o projeto hidráulico, mas ela insistiu tanto que eu resolvi fazer e acabei furando um cano. Fiquei lá até 20h para contornar a situação”. Ele também lembra o caso de uma decoradora que pediu que ele quebrasse o banheiro novinho do apartamento. “Ela queria que o cano ficasse por fora e que eu colocasse um balde de pedreiro como pia. Fiquei com dó, mas fiz”. Outra vez, foi chamado pela mulher de um jogador do Coritiba, que, ao chegar do treino, ouviu da esposa: “Amor, esse aqui é meu segundo marido!”. O jogador ficou ressabiado, mas levou na esportiva, como todo bom atleta!

Aliocha Mauricio

Nicho

Estudante de Administração, Brito chegou a ser gerente de uma empresa de purificação de água e trabalhar com o tio em uma serralheria, antes de ser convidado por um amigo, Jefferson, para ser marido de aluguel. “Ele era vendedor de carro e começou com este negócio há cinco, seis anos. Então, ele me chamou para dar uma força”, lembra. Com o sucesso da empresa, recebeu proposta para ser contratado.

“Fiquei dois dias pensando, mas não aceitei. Como já tinha esse espírito de empreender, resolvi abrir o próprio negócio. Cancelei a parceria, mas ainda somos amigos”. Atualmente, com seus próprios clientes, faz um pouco de tudo. “Só não sei alvenaria, colocar piso. Não me meto a fazer serviço que não sei só pra ganhar dinheiro. De resto, faço tudo, instalar iluminação decorativa no gesso, cortina, trinco na fechadura”, conta.
Ele também tem suas histórias engraçadas, como quando lhe pediram para instalar um triturador de alimentos para uma mulher. “Tinham cobrado mais de ‘milão’ para fazer o serviço. Eu li o manual e instalei pra ela”. As mulheres também são as principais clientes de Brito, que recebe cerca de 15 ligações por dia e já presenciou outras cenas inusitadas. “Tem marido que fica deitado no sofá e não é capaz de pregar um prego na parede”, comenta.

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