Mulheres são maioria entre os candidatos a concurso público

Estabilidade, salário melhor, qualidade de vida. Estes são os fatores que mais pesam na hora de trocar um emprego na iniciativa privada pela carreira pública. Para conquistar uma posição dessas, no entanto, é necessário prestar concurso e encarar horas de estudo.  Pesquisa recente divulgada pelo site Rota dos Concursos revela que o público feminino é maioria entre concurseiros (54%).

A razão, segundo o coordenador da pesquisa, Hélio Guilherme, é que as mulheres se preocupam mais com a estabilidade no emprego e com a segurança financeira, principalmente quando o desejo pela maternidade aflora. Mas foram a competitividade no mercado, o baixo salário e a carga horária excessiva no trabalho que fizeram a contadora Denise Pentiado Silveira, 26 anos, pedir demissão no emprego para estudar para concurso.

“Juntei dinheiro para me dedicar aos estudos durante um ano. Quando eu trabalhava, fazia concurso, mas não tinha muito tempo pra estudar e não ia bem. E ainda por cima, você não tem garantia nenhuma”, conta. Denise lembra que, quando ainda era estagiária, viu uma mulher experiente, que tinha anos de casa, ser demitida. Esse episódio reforçou a decisão de se enveredar pelo serviço público.

Ela tirava de letra as questões de Contabilidade, mas percebeu que precisava ir a fundo no conteúdo com o qual não tinha afinidade, como Direito. Por isso, se debruçou nos livros. “Todo concurso que abria, eu me inscrevia e viajava para outros estados para fazer a prova”, conta. Depois de praticamente um ano de estudo e mais de dez concursos prestados, ela conseguiu o que queria e foi aprovada em três quase simultaneamente: Elejor (Copel), Petrobras e Tribunal de Contas do Paraná (TCE).

Primeiro, ela trabalhou alguns meses na Elejor, mas trocou a empresa pela Petrobras, quando foi chamada para assumir um cargo de técnico de Contabilidade Júnior.  Ficou cinco meses em Salvador para o curso de formação, e foi lotada no Rio de Janeiro. “O salário em si não era tão bom, mas tínhamos muitos benefícios, bônus, férias, que é um salário inteiro, participação nos lucros, e tive um auxílio moradia de R$ 3.500. É o melhor concurso que existe. No final das contas, o que eu ganhava era muito mais do que o inicial”, avalia.

Nesse período em que esteve longe de Curitiba, ela e a família revezavam as visitas nos finais de semana, mas uma novidade mudou os rumos de sua carreira: Denise ficou noiva. “Ele tem uma imobiliária aqui em Curitiba e não podia se mudar”. Isso foi determinante para que ela decidisse voltar para cá, plano efetivado quando foi chamada para assumir o cargo de analista de controle no TCE em janeiro deste ano. “Comigo aconteceu justamente o que costumam dizer: quando você passa em um, passa em outros. Por isso, quem está estudando não pode desanimar e desistir”, recomenda.

Cursinho

Quem pretende estudar pra concurso, mas não tem tempo de fazer cursinhos presenciais, uma boa opção é estudar por videoaulas. As mulheres representam a maioria dos alunos do Aprova Premium, segundo conta Carina Letícia Cury, administradora da franquia de Curitiba.  “Cada videoaula permite aprender o conteúdo repassado em quatro aulas presenciais. Um ano de estudo equivale a quatro presenciais”, compara.

Além disso, há uma economia de tempo no deslocamento. “O aluno ganha em média duas horas de estudo por dia se descontar o tempo que ele perde no trânsito. Com a videoaula, ele otimiza o tempo e assiste às aulas quando puder, tendo sempre o acompanhamento de um mentor, com encontros semanais presenciais ou pelo Skype”, explica. Os concursos mais procurados, segundo ela, são os do Banco Central (Bacen), Polícia Federal, tribunais em geral e da Receita Federal. O primeiro deles está previsto para este ano, assim como Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Correios.

Nada de rede social

As cinco horas de estudo diárias, seja em casa ou a caminho do trabalho, renderam à publicitária C,ristiane Bauer (foto), 30, o terceiro lugar no concurso de um dos órgãos federais mais concorridos do Brasil no ano passado. Nada de Facebook ou balada com as amigas. O foco era estudar. Cristiane já tinha sido aprovada em outro concurso, da Caixa Econômica Federal (CEF), em 2010.

Antes, ela trabalhava numa produtora de vídeo e estava insatisfeita. “Não estava enxergando chance de crescer na minha área, via muita gente sendo demitida e o concurso foi uma alternativa”, conta. Depois que começou a trabalhar, Cristiane percebeu que a carreira no banco não lhe interessava. “Não tinha o perfil. Então, resolvi fazer esse outro concurso porque sabia que ia ter vaga em Curitiba”, explica.

Cristiane aproveitava a longa distância de casa até a agência onde trabalhava, no Bairro Alto, para estudar no ônibus. E todo o tempo livre que tinha, aproveitava para ler. “Lia uma hora no ônibus, na hora do almoço, estudava mais três horas à noite depois do trabalho, além de finais de semana e feriados”. A dica de Cristiane para os novos concurseiros é focar em uma carreira e ter muita disciplina. “Uma estratégia é estudar tudo o que tem no edital. Eu ia marcando o que já tinha visto e revisava depois. Você tem que matar o edital de cabo a rabo”, indica.

Felipe Rosa
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