Quantas vezes você já se pegou tentando resolver problemas dos outros? Este é um problema bastante comum entre nós, mulheres, não é mesmo? A gente tem essa mania de sempre tentar ajudar quem precisa, seja marido, filhos, mãe, pai, amigas, colegas de trabalho ou até meros conhecidos. É só alguém contar um problema que lá estamos nós, nos envolvendo com a questão, sem ter ideia de como (e se) poderemos ser úteis para aliviar um pouco que seja o incômodo de quem a gente gosta.

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Mas, o que a gente não percebe é que isso nos fazendo muito mal. Em vez de ajudar, acabamos absorvendo o problema e sofrendo junto. Para a terapeuta holística e life coach Tatiana Girardi, do Espaço do Bem-Estar, essa é uma atitude que deve ser combatida. “As mulheres não precisam sofrer pelos outros, elas devem escolher o que querem colocar na sua caixa. Podem até ajudar os outros a carregar as suas caixas, mas não fazer isso sozinha, assumindo um problema que não é seu”, comenta.

Para ela, agindo desta forma, as mulheres estão comprometendo sua autoestima e sua felicidade. “Quando colocamos a felicidade em outras coisas ou pessoas, a tendência de se frustrar e sofrer é muito grande. A maioria dos meus pacientes são mulheres e é comum ver elas reclamando disso e de problemas na relação com elas mesmas, derivados dessa atitude que elas adotam. As mulheres precisam aprender a se colocar em primeiro lugar”, opina.

COLABORAÇÃO: YALA KEROLIN
Léia conta que absorvia os problemas dos outros até pouco tempo, mas agora está em uma fase de redescoberta.

A servidora pública Léia Beatriz Ferreira, 39 anos, é prova de como as mulheres sofrem quando não conseguem se dedicar a si mesmas. Ela conta que sempre quis ter filhos, mas não sabia o verdadeiro significado de ser mãe, até que vieram Luiza, 6 anos, e André, 3. Como não conseguia dormir direito mais, com as crianças pequenas, sua vida (e até mesmo sua personalidade) mudou completamente. “Fiquei mais reclamona e negativa, perdi a leveza. Agora que eles estão maiores e consigo dormir melhor novamente, estou numa fase de redescoberta”, afirma.

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Isso não quer dizer que Léia não gosta de ser mãe. “Meus filhos são a melhor coisa da vida, mas eu era como uma esponja, que absorvia tudo, todos os problemas, agora estou mais tranquila”, esclarece. Léia não está sozinha, é possível que todas as mulheres já tenham passado ou ainda vão passar por alguma situação semelhante. Mas isso não quer dizer que só nós sofremos desta forma. Segundo Tatiana, os sofrimentos das mulheres são mais aparentes apenas porque homens não procuram ajuda com terapia.

De olho na autoestima

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Apesar da preocupação com a beleza, Tatiana afirma que a autoestima não depende só de uma aceitação física, mas principalmente de atitudes mais afirmativas. Para isso, ela sugere que as mulheres façam exercícios constantes de conhecimento de si mesmas, mesmo que isso traga à tona alguns “fantasmas” que não queremos encontrar. “Muitas vezes, continuamos com maus hábitos para nos sabotar. Então, é preciso perceber o gatilho, o que cria a necessidade de manter aquele hábito, e a recompensa que ele está trazendo, para, então, mudá-lo”.

Uma sugestão de Tatiana para exercitar o auto-conhecimento é fazer uma lista, ou até uma planilha, com alguns itens. “Escreva quais são suas frases, filmes e livros preferidos, seus pontos fortes e pontos de melhoria, suas oportunidades e suas formas de ação para sair das situações que incomodam. E, principalmente, saia da rotina”, sugere. Pensando em ajudar as mulheres, as dic,as de Tatiana viraram um curso, chamado de Tempo para Mulheres, que é ofertado com certa frequência pela A Grande Escola.

Na última edição do curso, uma das participantes era Indianara Proença Lima, 20. “Como trabalho na Vara de Família, lido com conflitos todos os dias e acabo absorvendo muito os problemas dos outros por ver que o ser humano raramente muda de atitudes. Por também estar com problemas familiares, decidi participar do curso para saber lidar melhor com tudo isso e ele me ajudou bastante, principalmente em relação a aprender a me colocar em primeiro lugar”, explica. O curso será ofertado novamente pela A Grande Escola no dia 27 de junho.

COLABORAÇÃO: YALA KEROLIN
Fazer lista com pontos fortes pode ajudar no processo de auto-conhecimento.