Mulheres encaram os desafios de estar na chefia

Chegar a cargos de chefia é um sonho para muitas pessoas, mas nem todas imaginam o desafio que é ter a responsabilidade de convencer, todos os dias, outras pessoas a ajudarem você a fazer sua empresa apresentar resultados. Perseverança, paciência, coragem e humildade são as dicas de quem conseguiu alcançar os mais altos postos de suas áreas.

Elisete Sabedotti Pereira, hoje diretora do Laboratório de Análises Clínicas (Lanac), pensava em trabalhar em um estabelecimento como esse desde quando cursava Farmácia e Bioquímica, mas nunca sonhou em ocupar o cargo em que está hoje. “Eu imaginava que seria uma funcionária porque, lá em Ponta Grossa, eu nunca teria condições financeiras de abrir meu próprio laboratório”, conta.

Logo que se formou, aos 22 anos, recebeu um convite para abrir, sozinha, um laboratório na cidade de Ampére. Foi com os pais conhecer o espaço e a proposta, e viu que receberia apoio para comprar os equipamentos aos poucos. “Eu teria que trabalhar sozinha, em outra cidade. Pensei no quanto seria difícil, mas nunca tive medo do desafio”, garante. Ela passou dez anos administrando este e, depois, outro laboratório, no município de Pérola do Oeste.

Neste tempo, casou e teve três filhos. Quando o mais novo tinha apenas seis meses, ela recebeu a ligação que mudou seu destino mais uma vez. O dono do hospital onde ficava um dos laboratórios que ela administrava era também diretor clínico de um hospital em Curitiba e fez uma proposta para ela vir para a capital. “Eu vim conversar com ele e ele já me apresentou meus dois sócios. Assim começou o Lanac”, brinca.

No início, atendia o público e fazia coletas. Ao longo dos 22 anos de existência do Lanac, Elisete foi rompendo os laços com a área técnica e aprendendo a delegar funções. “Chegou uma hora que eu vi que não dava para abraçar tudo. Também tinha dificuldades para chamar a atenção dos funcionários ou dispensá-los”, revela. A empresa, que começou apenas com os três sócios, hoje é administrada por apenas dois e já tem 30 unidades de coleta, onde trabalham mais de 200 funcionários. “Eu sou o coração e meu sócio é a razão”, conta.

Volta por cima

Tão difícil quanto administrar mais de 200 funcionários, é dar a volta por cima na vida pessoal, ganhar autonomia depois de anos de dependência e aprender a administrar um negócio próprio. Esta é a história de Solange Emerick, franqueada da rede de calçados e acessórios Raphaella Booz. Trabalhando desde os 15 anos, ela casou com 19 e teve algumas experiências de negócios com o então marido, mas todas sem muito sucesso.

Depois da separação, ela se viu sozinha e sem um objetivo de vida, passando por momentos difíceis. “Foi com muita fé que dei a volta por cima. Eu pedi a Deus que me ajudasse a encontrar um um projeto de vida, um propósito”, desabafa Solange. A luz veio da enteada, que sugeriu a marca de calçados e acessórios Raphaella Booz, que ainda não tinha loja em Curitiba, apesar de ser muito conhecida em todo o país.

Ela foi para São Paulo conversar com os representantes da rede durante uma feira de franquias, conheceu a fábrica em Santa Catarina e, em menos de dois meses, a loja do shopping Palladium já estava aberta. Na inauguração, bateu o desespero porque Solange ainda não sabia se conseguiria dar conta dessa responsabilidade sozinha. Mas, em pouco tempo, ela descobriu que não era uma missão impossível.

“Foi crescendo um amor tão grande pela marca e pelo meu trabalho… Isso é o diferencial de quando a gente realmente descobre o que quer e consegue se conhecer. Nunca estive tão feliz como estou agora”, comemora. Hoje, ela está prestes a inaugurar sua terceira loja da marca e tem oito funcionários em cada uma delas.

O modelo de gestão foi criado aos poucos. Todas as unidades têm um “painel dos desejos”, onde ,as funcionárias (e até a própria Solange) colocam os sonhos que querem realizar através do trabalho. Todo mês, ela faz um café da manhã com as funcionárias para falar abertamente sobre tudo. Também foram estabelecidos planos de metas e premiação. “A comunicação é tirar o cargo de evidência. Não é a chefe e a funcionária, todo mundo é ser humano. Basta a gente aprender a se colocar no lugar do outro. Já estive no lugar delas”, lembra. Mais do que chefe, as funcionários veem nela uma amiga.

Aliocha Mauricio
Em seus 22 anos à frente do Lanac, Elisete foi aprendendo a delegar tarefas aos funcionários.
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