Mulheres devem tomar cuidado com o açúcar

Por mais que a gente pense no açúcar como algo agradável, doce, para os pacientes de diabetes, esse ingrediente tão comum na nossa culinária pode ser considerado um veneno, um elemento tóxico para o organismo. Com níveis altos de glicose no sangue, esses indivíduos podem sofrer sérias lesões em diversos órgãos do corpo devido à ação do açúcar em excesso em suas células. E, apesar de a incidência da doença ser praticamente a mesma entre os sexos feminino e masculino, as mulheres devem se preocupar mais com este assunto, pois a obesidade é um dos fatores de risco para um dos tipos de diabetes e, como mostramos aqui no TDelas semana passada, elas têm mais tendência para engordar do que os homens.

De acordo com o médico endocrinologista do Hospital Nossa Senhora das Graças André Gustavo Daher Vianna, cerca de 90% dos pacientes desta doença são portadores da diabetes tipo 2, justamente esta em que a obesidade é fator de risco. “Quando falamos em diabetes, normalmente estamos falando desse tipo, que é a diabetes adquirida e que pode ser prevenida. O tipo 1 não tem causa definida e não é prevenível, pois trata-se de um fenômeno imunológico que atinge as células produtoras de insulina, responsável por esse controle da glicose no sangue”, explica. Mas, independente do tipo de diabetes, os riscos para o organismo são os mesmos.

Além de o açúcar em excesso ser tóxico e provocar lesões em diversos órgãos do corpo, o sistema imunológico também fica comprometido. Desta forma, as regiões são acometidas pelas complicações causadas pela diabetes são a visão, os rins, o coração e a circulação. “A doença pode causar cegueira adquirida, insuficiência renal e outros, além de aumentar a incidência de infartos e ser a principal causa mundial de amputação. Nas mulheres, a diabetes ainda tem mais chances de desenvolver doenças ósseas, infecções ginecológicas e urinárias e queda da libido”, comenta Vianna.

É por isso que a prevenção e o controle são tão importantes. “A maior causa da diabetes tipo 2 são os hábitos de vida, em especial o sobrepeso, pois a gordura em excesso faz com que a insulina pare de funcionar direito, principalmente na região abdominal. Desta forma, as medidas para prevenir a diabetes são as mesmas para não engordar: alimentação adequada e realização de exercícios físicos com regularidade”, afirma o endocrinologista. Ele diz que também há possibilidade de uma pessoa, mesmo magra, adquirir a diabetes devido a uma predisposição genética, mas esses casos são mais raros.

Além de servir como prevenção, a mudança de hábitos também é importante para quem já foi diagnosticado com a doença, pois aumenta as chances de a diabetes ser controlada ou até mesmo regredir. Esta foi uma das principais dificuldades da assistente social Sandra Aparecida Silva dos Santos, 48 anos, quando foi diagnosticada com diabetes, há nove anos. “Quando você já tem hábitos alimentares muito sedimentados, fica difícil mudar. Tive que ser encaminhada para um nutricionista e passei a fazer caminhadas e pilates”, lembra.

A assistente social descobriu que seria paciente de diabetes quando passou por uma situação extrema de estresse no trabalho, passando a apresentar infecções recorrentes. Ela acredita que não tinha a doença antes disso. No entanto, de acordo com Vianna, normalmente, as pessoas demoram até cinco anos para descobrir a doença. “Muitos chegam ao consultório com complicações avançadas já”, comenta. Alguns sintomas que devem fazer com que a pessoa desconfie dessa possibilidade são sede, excessiva, visão turva, perda de peso inexplicada, aumento da frequência urinária. O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue que detectam os níveis de glicose no organismo.

Tratamento

Apesar de o açúcar ser tóxico para os pacientes de diabetes, os anos de abstinência de açúcar e outras restrições alimentícias para controle da doença fazem parte do passado atualmente. Com tratamentos cada vez mais modernos, não existe mais essa necessidade. Qualquer paciente de diabetes pode comer normalmente, desde que de forma moderada, sem exagerar. “Normalmente, a diabetes tipo 2 é doença progressiva, que fica mais agressiva com o passar do tempo. No início, pode-se tratar com medicação via oral e mudança no estilo de vida apenas”, afirma Vianna.

Este foi o caso de Sandra. “Comecei com a medicação via oral, mas depois passei para a insulina injetável tanto porque fiquei grávida quanto pela gravidade da doença. A fase de adaptação, de adquirir o hábito da aplicação diária, foi difícil, mas agora nem percebo. E é a medicação que me faz não ter sintomas e poder fazer minhas atividades com normalidade. Me sinto até mais saudável do que algumas outras pessoas”, garante. Já no caso da diabetes tipo 1, a única opção de tratamento é a utilização da insulina injetável mesmo, pois “este é um caso de insuficiência absoluta de insulina”, como explica Vianna.