À frente de uma organização não-governamental na Vila Sabará, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), desde 1999, a irmã Anete Giordani, desenvolve um trabalho tão exemplar que vale a pena conhecer sua história. Nesses 14 anos, esta integrante da Congregação das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus provou que é possível mudar o destino de uma comunidade carente com boas ideias, como ela conta nesta entrevista.
– O que mudou na Vila Sabará desde que a senhora chegou?
Quando cheguei, o Centro de Assistência Social Divina Misericórdia trabalhava com assistencialismo, fornecendo roupas e comida. Como isso não atendia mais à Lei Orgânica de Assistência Social, nosso papel era reestruturá-la para que o trabalho surtisse efeito de transformação da sociedade. Era preciso que as pessoas aprendessem a buscar por si mesmas o que precisam.
– E isso deu certo logo de imediato?
Deu tão certo que, logo em seguida, a Prefeitura pediu que assumíssemos também a creche comunitária. Ficamos um pouco assustados no começo, pois nunca tínhamos feito isso, mas, conseguimos e a entidade foi crescendo aos poucos, com doações e convênios, incorporando outros centros.
– Atualmente, quantas pessoas são atendidas?
Aqui no Sabará, atendemos 150 idosos num centro de convivência, 80 crianças de 5 a 11 anos num centro juvenil, 480 crianças e adolescentes de 5 a 16 anos num centro de integração social e 220 crianças de 3 meses a 5 anos num centro de educação infantil. Ainda temos outro deste no Boqueirão, atendendo 140 crianças dessa faixa etária.
– E quais são as atividades desenvolvidas em cada um desses centros?
Para os idosos, oferecemos encontros de conversa e discussão e oficinas, como yoga, dança de salão, terapia ocupacional e artesanato. Nos centros de educação infantil, temos atividades de creche mesmo, de cuidado e aprendizado. Nos demais, oferecemos atendimento no contra-turno, com esportes, música e atividades pedagógicas.
– Dá pra dizer que a senhora é um pouco mãe dessas crianças?
Tem casos em que já sou até avó (risos), pois algumas meninas que frequentaram os centros já casaram e estão trazendo os filhos. Esta é uma relação que vai perdurando com o passar dos anos porque a comunidade confia no nosso trabalho. Temos uma equipe muito comprometida, com 15 pessoas na diretoria e 89 funcionários. E pensar que, quando cheguei aqui, não tínhamos nem funcionário nem um centavo na conta…