Presidente do principal sindicato de professores do Paraná, Marlei Fernandes de Carvalho, 46 anos, acompanhou a luta da categoria docente desde quando ainda era estudante. Aos poucos, foi pegando tanto gosto pelo sindicalismo, que passou a fazer parte APP – Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná. Nesta entrevista, ela conta que, apesar de sentir falta de estar em sala de aula, sabe da importância de seu trabalho como representante da categoria a qual pertence:
– Qual foi sua trajetória na carreira docente antes de ingressar para o movimento sindicalista?
Comecei dando aula em turmas de primeira a quarta série em uma escola particular. Em 1990, após a maior greve do magistério, entrei para a rede estadual, substituindo uma professora que tinha entrado em licença-maternidade. Então, em 1993, passei no concurso público e assumi uma vaga permanente na rede. Não saí desde então.
– E como surgiu o interesse de atuar como representante da categoria docente?
Venho de uma trajetória de militante do movimento estudantil e Pastoral da Juventude. O sindicato foi consequência disso. Em 1986, participei da primeira greve de calouros da faculdade – naquela época, existiam faculdades isoladas que eram pagas e a luta era para que elas passassem a ser administradas pelo governo. Ainda como aluna acompanhei de longe a greve dos professores de 1988. Lembro que algumas colegas queriam se inscrever para serem contratadas no lugar dos grevistas. Tivemos que convencê-las de que isso seria ir contra a educação, que tínhamos que apoiar a luta deles. De certa forma, foi meu primeiro contato com a luta da categoria docente.
– E sua participação na APP, como se deu?
Em 1996, entrei para o núcleo regional de Maringá, onde morava. Já em 1999, meu nome foi indicado para fazer parte da diretoria estadual. Foi quando vim para Curitiba. Achei que logo voltaria pra lá, mas estou aqui até hoje, pois o envolvimento vai crescendo. Desde 2008, sou presidente. Sinto um pouco de falta da sala de aula, mas sei que esse trabalho também é importante porque fazemos a defesa dos educadores em prol de melhores condições de trabalho e educação.
– Desde então, quais foram os principais avanços da categoria?
Os avanços começaram já na década de 1980, com a redemocratização do país. Mas um momento bastante importante foi quando conquistamos o plano de carreira do magistério, em 2004.