Há mais de 30 anos, Iara Maria Schneider Klauberg, 66 anos, participa de um dos momentos mais importantes da vida dos casais que moram em seu bairro. Ela é juíza de paz do cartório do Boqueirão e já perdeu as contas de quantos casamentos realizou lá ou em cerimônias externas. Presenciou tantas histórias emocionantes e engraçadas que este espaço é pouco, mas, aqui, ela conta algumas delas.
– Como a senhora se tornou juíza de paz?
Curitiba é dividida em distritos e cada um tem seu juiz de paz e dois suplentes. O meu atende os bairros da região do Boqueirão, onde moro desde que nasci. E são os moradores que o escolhem. Como meu pai já exercia essa função e criei uma relação muito forte com o bairro, acabei sendo indicada, primeiro como suplente e, depois, como titular.
– O que é preciso fazer para ser escolhida?
Ah, tem que ser uma pessoa idônea e que tenha um comportamento adequado, pois é um serviço de amor, dedicação, abnegação, que exige entrega. Ainda mais porque o que a gente ganha não dá nem pro salão de beleza. Mas, pra mim, é uma satisfação muito grande. Me sinto muito feliz de ver um casal na minha frente, com olhar de esperança, amor, certeza.
– Mas por que só se ouve falar em juiz de paz que seja homem?
Não sei explicar exatamente, mas acredito que devo ter sido uma das pioneiras. Antigamente, só tinha homem mesmo. No começo, o pessoal se admirava mesmo. Agora, já é mais normal.
– Qual a história mais impressionante que a senhora presenciou?
O que mais me marcou é a diferença entre casamentos de pessoas humildes e de gente de classe mais alta. A felicidade que vi num casamento que fiz em domicílio numa favela, há 12 ou 13 anos, é indescritível. E isso que teve um temporal e o noivo caiu num buraco. Num casamento milionário, se cai uma flor, estraga a festa.