Formada em Engenharia Civil e Física em uma época em que quase nenhuma mulher se aventurava na área de Exatas, Wanda Camargo, 60 anos, assistiu de perto aos avanços do sexo feminino neste mercado. Por ter escolhido a carreira acadêmica, ainda acompanhou essa evolução também no meio universitário – foi professora na Universidade Federal do Paraná e, atualmente, é assessora da presidência da Unibrasil. Com toda essa bagagem, ela afirma: as mulheres estão ocupando cada vez mais espaço no mercado de trabalho.

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– Como foi a decisão de cursar Engenharia Civil e Física em plena década de 1970?

Sempre gostei muito da Matemática. Mas, fazendo essa opção, acabei indo parar em um ambiente bem mais masculino. Éramos em três ou quatro mulheres em cada turma. Então, dá para dizer que, de certa forma, fui pioneira em uma área em que a predominância era masculina.

– Durante os anos de faculdade, a senhora sofreu preconceito por ser mulher?

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Bem no princípio, sim. Havia determinada resistência. Como estava basicamente ocupando um espaço dos homens, isso trazia probleminhas sim, mas, por estar em um meio de nível educacional mais elevado, esta foi uma situação passageira.

– Em algum momento, a senhora sentiu que, por ser mulher, tinha que provar sua capacidade?

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Me formei muito bem colocada na turma, mas acho que isso aconteceu mais pelo interesse na Matemática mesmo. Só que este foi um desafio durante toda a faculdade sim. Tínhamos que provar algo ao mundo. Queria saber tudo, até como as fórmulas eram deduzidas, era um detalhismo feminino mesmo. Talvez, se estivesse num ambiente totalmente feminino, isso tivesse se diluído entre as demais mulheres.

– O que mudou no mercado de trabalho em relação às questões de gênero desde então?

Com o tempo, vi a transformação da presença feminina, que era bem pequena e foi crescendo aos poucos. Apesar disso, nos cargos de chefia, as mulheres ainda estão longe de ser maioria. A presença dos homens nessas posições ainda é muito maior porque estamos num país com uma tradição muito masculina. Também houve uma aproximação de salários, mas, infelizmente, de maneira geral, as mulheres ainda ganham cerca de 80% do salário masculino.