Desde que se formou em Enfermagem, há 25 anos, Alaerte Leandro Martins, 51 anos, tem pelo menos uma prioridade em sua carreira: garantir a saúde da mulher paranaense. Não é à toa que ela é a responsável por esse trabalho na Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa-PR). Além disso, ela faz parte da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e da Rede de Mulheres Negras do Paraná, outra entidade na qual é militante. Aqui no TDelas, ela conta como se envolveu com esses movimentos.

– Quando foi que a senhora começou a se interessar pelo tema da saúde da mulher?

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Ainda durante a faculdade, fiz uma disciplina sobre o tema e me apaixonei por ele. Então, decidi que ia trabalhar com isso e, desde então, sempre estive envolvida mesmo. Você pode até não saber, mas sou responsável pela sua saúde, pela saúde de todas as mulheres de Curitiba e Região Metropolitana, pois trabalho na segunda regional da Sesa, a maior de todas.

– Mas além do seu trabalho na Sesa, você atua de outras maneiras nesta área também?

Sim, há dez anos, sou ponto focal da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos aqui no Paraná. Somente há três ou quatro anos é que foi criada uma regional da entidade aqui, da qual ainda faço parte. Além disso, recentemente, assumi um novo compromisso na Sesa, que é o de coordenar o trabalho da secretaria voltado à saúde da população negra.

– E como foi que surgiu esse convite?

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Há muitos anos, atuo na militância da população negra. Em 1991, fui indicada pelo movimento negro para participar de um seminário preparatório para a Conferência de Durban, sobre o racismo, em Londrina. Foi lá que percebi que tínhamos pouquíssimos dados sobre a saúde da mulher com recorte racial. Então, fui para o Mestrado com o objetivo de estudar a mortalidade de mulheres negras no Paraná. E, no Doutorado, dei continuidade ao estudo. A saúde da população negra tem muitas especificidades, como uma predisposição genética maior a desenvolver hipertensão arterial. Além disso, o racismo institucionalizado também traz consequências para a saúde e isso precisa ser discutido. Acho que foi por isso que fui convidada para assumir esse trabalho.