Mudança de escola requer mais atenção aos pequenos

O início do ano letivo está se aproximando e isto significa mudanças para muitos alunos. Crianças que tiveram que mudar de escola passam por um período de adaptação no novo ambiente e os pais devem ficar atentos a isto. Uma situação que tem grandes chances de ser traumática pode se transformar em um cenário mais tranquilo, desde que seja dada a devida atenção aos pequenos, mas sem ceder às possíveis pressões para não ir à escola.

As reações das crianças variam conforme seus próprios comportamentos e como os pais comentam sobre esta nova fase da vida. “A criança traz as características dela, mas também entra a responsabilidade dos pais com a conotação desta mudança”, explica Anita Adas, coordenadora pedagógica da divisão de sistemas de ensino do Grupo Saraiva.

A maneira como o adulto conversa com a criança pode fazer toda a diferença neste período de adaptação. Segundo Anita, a conversa não deve acontecer apenas de maneira formal. Todas as outras indicações sobre a mudança, no cotidiano, devem trazer aspectos positivos, para que a criança entenda que a nova realidade pode ser agradável. “É preciso conseguir transmitir para a criança esta sensação de que a mudança vai ser boa para ela, além de uma conotação positiva sobre a escola”, avalia.

Anita ressalta que as reações dentro de casa em torno da mudança de escola devem ser observadas de maneira mais minuciosa pelos pais. Não adianta nada falar para a criança que a mudança é boa se esta não é a mesma linha no restante das conversas entre os outros integrantes da família ou em outros grupos de relacionamento.

A psicopedagoga Esther Cristina Pereira, diretora da Escola Atuação, afirma que os pais devem ter uma conversa franca com os filhos sobre os motivos da mudança. “Não adianta omitir informação para a criança. Os pais não percebem que ela tem essa sensibilidade de captar tudo. O diálogo é o melhor remédio”, opina.

Ela conta que a criança pode ter mais dificuldades na adaptação se a mudança de escola foi motivada por troca de endereço. Neste caso, os filhos já perderam a referência da casa e ainda passam pela mudança de colégio. “Quando os pais definem a escola, eles devem confiar nela. Não é fácil para a família deixar a criança em um local onde apenas houve visitas e não a vivência com a filosofia da escola. Os pais podem conversar e formar uma parceria de verdade com a escola”, salienta a diretora.

Dicas pra tornar a adaptação mais simples

Para facilitar a adaptação, a família pode tomar algumas medidas, como visitar a escola na companhia dos filhos. Também é preciso prestar atenção quando a alteração de colégio está acompanhada de mudança de nível, como do Ensino Infantil para o Ensino Fundamental, o que por si só já pode ser alvo de um período de transição mais complicado.

Quando os pais deixarem a criança na escola, também devem observar os diálogos entre eles e os funcionários do estabelecimento. “Na frente do filho, não adianta a mãe chegar para o funcionário e dizer que a criança não queria ir para a escola naquele dia ou falar que é para ligar para ela se a criança não ficar bem naquela tarde. Lógico que a criança não vai ficar bem. A mãe muitas vezes instiga a situação. Se for necessário fazer qualquer comentário ‘negativo’, ela pode se comunicar com a escola pela agenda do aluno, e-mail ou por telefone”, orienta Esther.

Outra dica da diretora é não mentir para a criança dizendo que a est&a,acute; aguardando do lado de fora ou na secretária da escola durante as atividades. “Quando a mãe for buscar a criança, pode falar: ‘Viu como a mãe veio buscar você?’. A criança vai pensar que, se a mãe prometeu, ela vai cumprir”, indica.

Segundo Anita, mesmo com os filhos já na escola nova, os pais devem demostrar interesse pelo cotidiano das crianças. “Nesta fase de adaptação, os pais devem acolher, mas isto não significa serem permissivos. A criança precisa enfrentar isto, pois faz parte do seu dia a dia”, explica.

Decisão antecipada, pensando no futuro

A nutricionista Bianca Nery de Mello decidiu, no ano passado, que mudaria a escola do filho Gianluca, de cinco anos. Apesar da criança ainda estar no Jardim II, ela achou que seria importante garantir uma vaga em uma escola que disponibilizasse o Ensino Fundamental. Bianca escolheu uma escola que também tivesse vaga de maternal para a filha Jady, de um ano e nove meses. “O principal motivo foi já garantir uma vaga de 1ª ano para o Gianluca. Mas também queria que os meus dois filhos ficassem na mesma escola. Antes, cada um estava em um local diferente”, relata.

Bianca escolheu a Escola Atuação, no bairro Santa Quitéria, já em 2013 e ficou “trabalhando” a ideia da mudança com o filho. “Dizia que ele iria para uma escola maior, com mais crianças, que faria novos amigos e ficaria com a irmãzinha na mesma escola. Foquei também nas novas atividades que ele teria na escola”, afirma.

Paralelamente, a nutricionista mostrava fotos do local para Gianluca, até que foi marcada uma visita à escola. “Ele ficou deslumbrado. Foi neste momento que eu tive certeza de que ele se sentiria bem e, com isto, a Jady também ficaria bem”, explica Bianca. Ela ainda optou por colocar os dois na colônia de férias na escola para basear ainda mais a adaptação.

No caso de Jady, por ainda estar no maternal, o reconhecimento foi feito com a presença da professora na casa da família durante uma visita. Quando a menina chegou na escola para a colônia de férias, já conhecia a profissional e isto facilitou a entrada na escola. As aulas começam hoje e Bianca tem certeza de que as reações dos filhos serão positivas. “Esta preparação valeu muito a pena”, garante.

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