Muitas mulheres de mais idade costumam reclamar de bexiga caída, mesmo sem saber ao certo o que isso significa. Na verdade, este termo popular esconde um problema muito sério, que atinge principalmente mulheres com mais de 40 anos, o prolapso genital. No entanto, a bexiga é apenas um dos órgãos que podem ser afetados por esse problema. Útero, uretra, reto e toda a região genital também podem ser afetadas pelo prolapso, que nada mais é do que um enfraquecimento dos músculos que sustentam os órgãos localizados nesta região.

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Estima-se que cerca de 20% das mulheres que já passaram pela menopausa podem sofrer com este problema. “Nesta região, não há ossos para sustentar os órgãos, isso é feito por meio de ligamentos, que, por sua vez, dependem dos hormônios femininos. Por isso, esta é uma situação relativamente frequente em mulheres que estão na menopausa ou já passaram dela, pois este processo faz com que a produção de hormônios diminua quase por completo, provocando um afrouxamento desses ligamentos que seguram os órgãos da região genital. Eles não se rompem, mas ficam mais elásticos e fazem com que os órgãos desçam de sua posição original”, explica o médico ginecologista do Hospital de Clínicas, Newton Sérgio de Carvalho.

Com o afrouxamento dos ligamentos, os órgãos vão gradativamente abaixando e podem até se exteriorizar se o problema não for detectado quando ainda estiver no início. “Do ponto de vista da gravidade, o prolapso não é tão sério, pois não evolui para outras doenças, como o câncer, mas do ponto de vista do desconforto, pode acabar interferindo muito na qualidade de vida da mulher, pois promove um incômodo muito grande”, comenta o médico. Os prejuízos para a saúde da mulher vão desde a incontinência urinária até a dificuldades durante a relação sexual. Segundo Carvalho, normalmente o problema começa no útero, que vai saindo do lugar, podendo puxar a bexiga ou o intestino junto. “Esse processo não é obrigatório, mas acontece na maioria dos casos”.

O principal sintoma que pode indicar a necessidade de uma consulta para diagnóstico é a sensação de peso na região genital. Sintomas secundários, que o acompanham, podem ser incontinência e infecção urinária. O diagnóstico clínico é feito com base em sinais e sintomas. “A ecografia também pode contribuir, mas não é um exame que é pedido especificamente para este diagnóstico”, revela Carvalho. O ideal é que o diagnóstico seja feito no início do prolapso, pois há mais chance de controlá-lo antes que interfira na qualidade de vida da paciente, causando mais incômodo, em níveis mais sérios, pois o problema acontece de forma gradativa, podendo chegar ao extremo em que o útero ou a bexiga saem para fora.

Outros fatores que interferem

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No entanto, a menopausa e a consequente redução na produção dos hormônios femininos não são os únicos fatores que estão relacionados ao surgimento do prolapso genital. “Existe uma série de situações implicadas na sua origem, como a ocorrência de muitos partos e a predisposição genética, além da questão hormonal relacionada à menopausa”, afirma Carvalho. Outro fator que pode contribuir com o desenvolvimento deste problema é a obesidade. “A própria lei da gravidade naturalmente já empurra os órgãos para baixo. Desta forma, o aumento de peso acaba forçando as vísceras para baixo ainda mais”, afirma.

Nenhum desses fatores é, no entanto, a causa. Todos eles são apenas facilitadores do problema, pois a causa e,m si ainda é desconhecida dos estudiosos da área. “Não existe uma relação entre o número de partos e o prolapso, por exemplo. Isso pode acontecer tanto em mulheres que tiveram um ou mais partos quanto em mulheres que não têm filhos. Só não costuma acontecer antes da menopausa, pois existe essa relação direta com a produção de hormônios femininos. Pode-se dizer, portanto, que há uma multifatoridade de causas”, garante o médico.

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Devido à existência desta relação direta entre a queda na produção de hormônios femininos e o desenvolvimento do prolapso, um dos principais tratamentos é a reposição hormonal, principalmente se o problema ainda estiver no início. “Assim, há uma chance menor de a queda continuar”, garante Carvalho. Neste estágio, também é possível fazer exercícios específicos para a região, por meio de fisioterapia pélvica. Em níveis mais avançados, é necessário que haja intervenção cirúrgica, que, mesmo assim, pode não representar uma solução permanente. “Tenho pacientes que estão convivendo muito bem com o prolapso há dez anos, mas, em alguns casos, mesmo com a cirurgia, há possibilidade de haver uma posterior queda da vagina também”, informa.

Para evitar tudo isso, o melhor mesmo é pensar na prevenção desde cedo, por meio de hábitos saudáveis de vida, como acontece em inúmeras outras situações referentes à saúde da mulher. “Evitar aumento de peso e recuperar os níveis hormonais é essencial para diminuir os riscos. Você tem que se preocupar com o que pode modificar, diferente da predisposição genética, para a qual não há solução”. Mulheres caucasianas (de raça branca) têm mais chance de ter prolapso do que negras e asiáticas.