Responderam a questionários anônimos, 178 universitários em 1996 e 560 pessoas (idades entre 15 e 60 anos) em 2016, a maioria das classes A e B e com nível universitário (cursando ou finalizado). Trata-se de uma pesquisa de corte transversal e não longitudinal.
A Tabela 1 mostra que, ao somarmos os locais de encontro que denotam “proximidade geográfica” (moravam próximo da casa, local de trabalho, mesma escola), cerca de 65% dos participantes encaixam-se nessa situação, sejam universitários de 1996 (65%) ou de 2016 (64%), enquanto os tradicionais “locais de paquera” (bares, boites, casa de shows e de dança associados a outros locais com encontros fortuitos como viagens de férias) somam cerca de 35%. Dentro os locais de proximidade, individualmente aquele em que houve maior número de encontros foi a festa entre amigos ou conhecidos, a saber, aniversários, casamentos, clubes, igreja etc. O local de paquera, seja há 20 anos, seja, atualmente, não tem sido bom indicador para encontrar namorados… E mesmo “ficantes”: uma análise mais detalhada dos dados, revela praticamente a mesma proporção para encontrar os relacionamentos temporários; a saber, a maioria dos relacionamentos atuais inicia-se com o “ficar” para depois transformar-se em “namoro” ou “relacionamento sério” de acordo com as redes sociais…
Tabela 1: locais em que as pessoas encontraram os seus namorados
ONDE encontrou seu namorado? | Universitários 1996 – % | Universitários 2016 – % | Todas as idades 2016 – % | Casados 2016 – % |
Morava próximo de casa | 16 | 5 | 6 | 7 |
Local de trabalho | 6 | 7 | 12 | 26 |
Local de estudo | 17 | 18 | 13 | 5 |
Festa próxima | 26 | 34 | 31 | 30 |
Local de paquera | 27 | 28 | 29 | 22 |
Viagem | 8 | 8 | 9 | 8 |
Total | 100% | 100% | 100% | 100% |
Soma local próximo (casa, trabalho, escola, festa) | 65 | 64 | 62 | 68 |
Soma Paquera + viag + net | 35 | 36 | 38 | 32 |
Total das somas | 100% | 100% | 100% | 100% |
A Tabela 2 revela de que maneira os participantes encontraram namorados, se foi realmente uma paquera sem nenhum conhecimento anterior, se foi aproximação por algum serviço (geralmente apps e sites), se as pessoas foram apresentadas ou se já se conheciam por outro motivo. De modo geral, independente do local onde encontraram namorados, a maioria das pessoas já se conhecia por algum outro motivo (estudo, trabalho, amizades em comuns) ou foram apresentados por amigos em comum. Essa questão do amigo como “fiador” do relacionamento é tão interessante, que quando se cruzam os dados das duas tabelas, mesmo aqueles que se encontraram em um local de paquera , 27% foram apresentados por conhecido comum,; este dados fica ainda mais significativo quando se cruzam os dados daqueles que se encontraram em festas: 73% daqueles que se encontraram em festas próximas (casamento, igreja, churrasco etc.) foram apresentados por conhecido comum! Ou seja, amizades são importantes para encontrar namorados…. e o tal “flerte e cortejamento” genuínos são poucos; as pessoas se sentem mais seguras sendo apresentados por um amigo. Novamente
A diferença entre 1996 e 2016 é a inclusão de “serviços” para auxiliar os encontros (sites, Tinder, Happn etc.) com cerca de 10%.
Ao se cruzar os dados com o LOCAL de encontro e o “estilo de amor”, os dados também são interessantes: as pessoas com “estilo de amor pragma” (aquelas que exigem determinadas características para seus parceiros), encontram menos namorados em viagens e mais namorados pela Internet e apps.
Tabela 2: maneira como os participantes encontraram os seus namorados
COMO encontrou seu namorado? | Universitários 1996 – % | Universitários 2016 – % | Todas as idades 2016 – % | Casados 2016 – % |
Não conhecia, paquera | 18 | 16 | 16 | 18 |
Não conhecia, contato por outro motivo q não paquera | 12 | 10 | 9 | 10 |
Não conhecia. Serviço de encontros, sites, apps | 0 | 9 | 11 | 7 |
Apresentado por conhecido | 29 | 29 | 30 | 29 |
Conheciam-se por outro motivo | 35 | 35 | 32 | 33 |
Outro | 6 | 1 | 2 | 3 |
Total | 100% | 100% | 100% | 100% |
Para aqueles que estão sem parceiros, a matemática mostra que os locais de paquera estão em baixa, mas uma boa probabilidade para encontrar é fazer uma grande festa entre amigos e conhecidos e aproveitar para apresentar e ser apresentado para outras pessoas que também estão à busca de romance ou algo mais duradouro.
Lidia Dobrianskyj Weber é doutora em Psicologia, palestrante, professora e pesquisadora da UFPR, autora de 13 livros, entre eles, “Família e Desenvolvimento Humano”(Juruá).