Em tempos de crise, diz o senso comum que mulher não renuncia ao cabeleireiro, à manicure e à… lingerie! Isso mesmo: enquanto vários setores da economia enfrentam queda nas vendas, o mercado de moda íntima cresce em momentos como este.
Um estudo elaborado pela francesa Nathalie Gennerat comprova: desde 2007, as mulheres européias têm favorecido a compra de lingerie em detrimento do vestuário em geral. E esse cenário se acelerou desde o segundo semestre do ano passado, quando a crise financeira mundial estourou.
A explicação para esse fenômeno pode estar no fato da lingerie funcionar como um catalisador de momentos especiais entre o casal. “É quase uma terapia, pois ajuda a amenizar os momentos de tensão”, explica Eugênia Del Vigna, proprietária da loja Tayê Lingerie.
Nas duas lojas que possui, uma em Belo Horizonte e outra em Curitiba, ela tem observado um crescimento da demanda por peças mais sensuais desde o agravamento da crise: “As mulheres estão investindo em lingeries especiais, em vez de comprarem as peças mais básicas de dia-a-dia. Elas usam esses artifícios para espantar o stress do marido, e com isso deixar a crise bem longe da relação a dois”, conta.
Os fabricantes, antenados com essa tendência, focam as coleções do primeiro semestre de 2009 em peças sensuais, porém sóbrias e atemporais. A modelagem fica cada vez mais ousada, mas as cores clássicas, como preto e branco, voltam a ocupar o papel principal, depois de várias temporadas coloridas e estampadas. “A cor clássica permite que a mulher use a lingerie mais vezes, só mudando um pequeno acessório para dar uma cara nova. Isso, em tempos de crise, é essencial: investir numa peça que vai durar, e não apenas ser usada em uma noite”, diz Eugênia.
Diversão adulta
Segundo uma reportagem do jornal The New York Times, publicada no início de janeiro, o mercado de brinquedos eróticos também passa imune à crise mundial. A matéria entrevista diversos donos de lojas e sites especializados em artigos eróticos. Entre eles, Claire Cavanah, fundadora do Babeland, um site e loja que vende equipamentos eróticos em Nova York. De acordo com ela, desde o ano passado, a venda dos produtos com preços a partir de 80 dólares cresceu 50%. “A última vez em que vi um salto semelhante em nossos negócios foi logo depois do 11 de setembro”, comentou Claire.
A Dra. Judy Kuriansky terapeuta sexual também ouvida pela reportagem, sugeriu que um interesse renovado em aparelhos de apelo sensual costuma derivar em parte dos problemas econômicos. Quando o dinheiro está apertado, algumas pessoas se afastam do sexo, mas muitas outras “farão qualquer coisa para aumentar o nível de intimidade e prazer.”