Na adolescência, com a ação dos hormônios, homens e mulheres começam a percebem as mudanças físicas e psicológicas no organismo, que passa a ter contornos e comportamentos iguais aos dos adultos. Também é nesta fase que ambos despertam para o amor e para o desejo em relação ao sexo oposto. Desejo que acompanha as pessoas ao longo da vida, mas que, com o passar dos anos, pode se modificar, principalmente depois de uma certa idade.
Quando chegam à terceira idade, tanto homens quanto mulheres podem enfrentar dificuldades no momento de se relacionar e manter contato íntimo com seus parceiros. “Após os 40 anos, é normal passar por mudanças no que diz respeito ao desejo e à prática sexual. Nesta fase, o corpo entra em um declínio natural, mesmo em pessoas saudáveis. São mudanças em nossa saúde, condição física, e também relação aos desejos e emoções”, afirma a psicóloga e psicoterapeuta sexual Claudia Graichen Guimarães.
Para ela, neste momento, é importante compreender o que acontece com o corpo para poder continuar tendo uma vida sexual ativa, saudável e satisfatória. “A pessoa deve ter o entendimento de que sexo traz qualidade de vida, não somos assexuados, temos desejos. São os desejos de viver, de ter objetivos, de cuidar do corpo e da mente e também de querer ter prazer através da sexualidade. Assim, quanto maior a orientação e conhecimento, melhor”.
Em relação ao desejo sexual, a psicóloga explica que, com o passar do tempo, o desejo diminui progressivamente. “O desejo sexual muda tanto para homens quanto para mulheres, isso reflete tanto na frequência das relações quanto nos pensamentos e sonhos sexuais. Essa diminuição é decorrente de fatores biológicos, pela diminuição dos hormônios sexuais (testosterona no homem e testosterona e estrogênio na mulher), doenças crônicas, medicações, depressão”.
Segundo a psicóloga, depois de um tempo, para seguirem em sintonia, os casais precisam se adaptar às novas condições. “Quanto mais avançada a idade, maiores devem ser os ajustes entre os casais. Essa adaptação, em algumas situações, pode levá-los a optar pelas preliminares em vez do próprio ato como forma de ter prazer”.
Para continuarem ativas, sem dores ou dificuldades, a recomendação para as mulheres é buscar apoio nas terapias e nos recursos da medicina. “Nesta idade, após a menopausa, as mulheres podem ter menos desejo, falta de lubrificação e atrofia vaginal, dor, desânimo, fogachos, suor, palpitações, diminuição na sensibilidade dos seios, prazer reduzido à estimulação genital, pele mais sensível ao toque, problemas urinários (incontinência), alterações de humor. Tudo isto pode dificultar ou impedir as relações”, explica Claudia.
Para a psicóloga, além da saúde e das condições físicas, o ponto fundamental do sexo, independente da idade de quem pratica, é a da vontade em si, o desejo de estar perto e de se relacionar com seu parceiro, marido ou namorado. “O sexo nunca pode ser associado a submeter-se, com algo forçado ou imposto. No caso das pessoas da terceira idade, a relação sexual pode acontecer na frequência em que eles desejarem, se os dois desejarem. Para isto basta apenas ter vontade, criatividade e capacidade de adaptação”.
Com a saúde em dia
Para o médico ginecologista e diretor clínico do Hospital Pilar, Marcos Vinicius Chiaretto, quando apresentam uma boa saúde, as mulheres podem continuar praticando sexo mesmo após a menopausa. Para isto, basta que elas se sintam confortáveis com seus parceiros, sigam com os c,uidados médicos e procurem ajuda médica, se necessário. “O sexo na terceira idade é normal, saudável e recomendado. As únicas restrições neste sentido são nos casos em que as pessoas estejam passando por um tratamento debilitante como uma quimioterapia ou tenham uma limitação física muito séria. Nas demais situações, a troca de carinho e o ato sexual estão liberados”.
Para quem sofre com a diminuição da secreção vaginal, com a falta de libido ou atrofia da musculatura vaginal, o tratamento pode ser feito com o uso de lubrificantes ou até mesmo terapias de reposição hormonal. “A falta de lubrificação pode ser resolvida com lubrificantes, hormônios locais ou ainda com hormônios de uso oral. A recomendação dos médicos nestes casos pode ser o uso diário do estrogênio por até cinco anos”. Além de buscar tratamento para a dificuldade em manter relações, o médico lembra que as mulheres não podem se descuidar de seus exames de rotina e da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como a Aids. “As mulheres acabam relaxando em relação ao risco de gravidez, mas as DSTs fazem com que o uso dos preservativos seja indispensável, independente da idade da pessoa”, reforça.