No dia 7 de maio de 2009, a empresária Christiane Yared, 53 anos, passou por um dos piores momentos de sua vida. Ela foi acordada por agentes funerários informando-a que seu filho Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, tinha morrido em um acidente de trânsito. O caso ganharia repercussão pelo envolvimento do então deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, que aguarda julgamento em liberdade. Desde então, ela teve que aprender novamente o sentido da vida, como conta aqui:

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– Qual foi sua reação quando soube da morte do seu filho?

A primeira sensação é de impotência total, desespero, uma vontade enorme de proteger os filhos que ficaram (além de Gilmar, Christiane tem mais dois). Foi assustador, era como se aquilo não estivesse acontecendo.

– Foi difícil aceitar?

Os dias vão passando e você vê que não tem muita saída. Ou fica chorando em casa ou luta para que outro filho não venha a se perder, não só seu, mas de outras famílias. Foi então que percebi que, ajudando outras pessoas, estaria me ajudando também.

– Quanto tempo a senhora levou para entender o que tinha acontecido?

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Deus foi muito bom comigo. Cada vez que eu começava a entrar em depressão profunda, alguém me ligava pra dar força. Em 30 dias, estava dando palestra e aquilo virou uma bola de neve. Foi o que me salvou.

– Foi assim que surgiu o Instituto Paz no Trânsito?

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Sim. Eu acredito em mudança de comportamento. Acredito que, com o tempo, as pessoas vão entender que uma precisa da outra. Mas tem muita gente que ainda comete infrações e continua com essa postura. É por isso que o Instituto atende não apenas as famílias das vítimas, mas também os infratores. É preciso que haja justiça, não pelo filho morto, mas por quem ainda está vivo.

– E quais atividades a instituição realiza?

Fazemos campanhas educativas, palestras, conscientização do infrator, apoio às famílias de vítimas com orientação jurídica, atendimento psicológico e auxílio-funeral. Nosso foco é o trânsito como um todo, não apenas a questão das tragédias de trânsito. Aos poucos, fui entendendo que não enterrei um filho, eu o plantei, ele foi regado com lágrimas e hoje dá frutos. Em um país que não pune os infratores, a única maneira de mudar essa realidade [de tantas mortes no trânsito] é a educação. É isso o que alivia o meu sofrimento.