Na correria do dia a dia, é muito comum esquecermos de nos alimentar de forma adequada ou não nos preocuparmos em fazer exercícios físicos regularmente. Mas essa displicência em relação a hábitos saudáveis pode ter um impacto negativo a longo prazo, o aumento do colesterol, que também pode trazer consequências ainda mais sérias, como o infarto e o Acidente Vascular Cerebral (AVC). A conscientização a respeito da necessidade de prevenção, portanto, é assunto sério. Por isso, há mais de dez anos, a data de 8 de agosto também é conhecida como Dia Nacional de Controle do Colesterol.
E, por mais que as doenças cardiovasculares ainda estejam muito associadas aos problemas que atingem a saúde dos homens, as mulheres também devem se preocupar (e muito) com o controle do colesterol. Um levantamento realizado pelo Laboratório Frischmann Aisengart, com base nos exames de colesterol feitas nos últimos seis anos, revela que muitas mulheres apresentam alteração nos testes. E, por mais que ainda tenhamos aquela visão de que somente as pessoas de mais idade devem se preocupar com o assunto, a pesquisa mostra que a realidade pode ser um pouco diferente.
Segundo os dados do laboratório, as maiores médias de alteração nos exames de colesterol acontecem nas faixas etárias de 25 a 35 anos (33,14%), 35 a 45 anos (34,30%), 45 a 55 anos (39,46%) e 55 a 65 anos (33,99%). Antes e depois dessas faixas etárias, as médias ficam sempre abaixo de 25%. E os números podem ser ainda mais assustadores, pois a quantidade de mulheres que busca os testes de colesterol ainda é muito pequena, de acordo com a endocrinologista do Laboratório, Myrna Campagnoli. “O que a gente percebe é que o grupo de pessoas que faz o exame se repete sempre. São poucos os pacientes novos, apenas entre 10% a 15% por ano”, comenta.
Para ela, o teste de colesterol deveria ser um hábito, como a visita anual ao ginecologista para consulta de rotina. “Como não existe essa prática preventiva, a maioria dos pacientes chega para o exame quando já está com o colesterol alto porque essa alteração é silenciosa. A pessoa só percebe quando tem alguma lesão, como um AVC”, afirma. Por mais que os exames meçam o colesterol total, os dados servem de base para analisar o aumento do LDL, o chamado colesterol ruim. “Uma alteração no colesterol total reflete muito mais uma alteração no ruim do que no bom porque ele é composto por três vezes mais LDL do que HDL, o colesterol bom”, explica.
O ideal é que a taxa de colesterol total fique sempre abaixo dos 200 miligramas, segundo a médica cardiologista do Hospital Pilar, Lise de Oliveira Bocchino, sendo que o LDL não deve passar de 130 miligramas. “Se a taxa estiver mais alta que isso, o que sobra vai se acumulando nos tecidos e nos vasos, causando os acidentes vasculares. Por sua vez, o HDL deve representar cerca de 22% do total para que seu desempenho não seja afetado, afinal, ele é importante para a construção das membranas celulares”, explica. Nas mulheres, os hormônios femininos atuam como reguladores do nível de colesterol. Por isso, os problemas tendem a aumentar com a menopausa, com essa perda da proteção natural.
No entanto, como os dados do Laboratório Frischmann Aisengart mostram, a preocupação com o colesterol deve permear a vida inteira de qualquer indivíduo, pois não há idade para os problemas aparecerem. “Costumo dizer que as mulheres ‘conquistaram’ o direito de se estressar e isso também faz com que os riscos aumentem, assim como o sedentarismo, o tabagismo e a alimentação irregular. Portanto, esses cuidados devem começar na infância ainda porque o depósito de LDL vai acontecendo com o tempo”, comenta a médica. De acordo com ela, apesar de os problemas cardiovasculares serem mais comuns, o colesterol pode causar lesões em quaisquer áreas onde haja artérias.
Em relação à alimentação, a nutricionista e mestranda da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rafaella Jugend, indica quais alimentos devem ser evitados e quais devem ser consumidos com maior frequência neste controle do colesterol. “As pessoas costumam dizer ‘não vou comer este alimento porque ele é rico em colesterol’, mas o que importa não é isso, são as gorduras presentes. Devemos evitar as gorduras saturadas e as trans, principalmente”, afirma. As primeiras estão presentes, em especial, nas carnes e nos laticínios. As demais são utilizadas para a elaboração de produtos indutrializados, como sorvetes cremosos, bolachas recheadas, produtos de padaria e alimentos de redes de fast food.
Rafaella ainda alerta: “Muitas vezes, a embalagem do produto diz que aquele é um alimento livre de gordura trans, mas é só uma porção pequena que é livre. Duas bolachas não representam risco, mas o pacote inteiro sim!”. As gorduras saturadas e trans contribuem para o aumento tanto do colesterol total quanto do LDL. Por sua vez, as gorduras insaturadas ajudam a reduzir o LDL, de acordo com a nutricionista. “Elas estão presentes nos óleos vegetais (ômega 6), peixes de água fria (ômega 3) e outros alimentos, como azeite de oliva, azeitona, abacate, nozes, amêndoas (ômega 9)”, revela Rafaella. Ela também sugere uma dieta rica em fibras, pois estas substâncias reduzem a absorção do colesterol.