Ficar muito tempo de pé ou sentada pode ser um risco

Ficar muito tempo de pé ou sentada, aliado a outros fatores de saúde, pode representar um risco para a mulher. Um dos casos mais preocupantes para este cenário é a trombose, uma doença originada pela formação de um coágulo dentro de um vaso sanguíneo, que pode ser uma artéria ou uma veia. Esta obstrução dificulta a circulação do sangue, principalmente nos membros inferiores. O problema pode evoluir para uma embolia pulmonar, quando este coágulo não dissolve, passa a circular pelo corpo e chega ao pulmão. Pode ocorrer uma obstrução em uma artéria pulmonar e um quadro grave de risco à saúde.

O médico angiologista José Fernando Macedo, do Hospital Vita, conta que existem diversas causas para a trombose, entre elas o excesso de peso e uma rotina em que a mulher fica muito tempo sentada ou de pé. Neste último caso entra o perigo com as viagens prolongadas, seja de avião ou de ônibus, quando os passageiros ficam sentados e com as pernas para baixo por um período extenso.

O médico Ivanésio Merlo, diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), comenta que as pessoas com alguns fatores, como já conhecidos problemas de circulação, lesões nas veias ou varizes, têm mais propensão para o desenvolvimento da trombose nas viagens mais longas. Muitas delas não possuem conhecimento sobre alguma condição prévia. “O fato de a perna inchar não significa que esteja com trombose, mas é um sinal de alerta. Isto se previne evitando tomar remédio para dormir ou ingerir álcool, pois com isto a pessoa passa mais tempo dormindo sentada, sem a movimentação das pernas”, ressalta. Ele orienta a pessoa a se movimentar a cada duas horas, andando pelo ônibus ou avião, e a ingestão de líquidos para evitar a desidratação.

Para as viagens, Macedo ainda aconselha uma visita ao médico antes de viagens prolongadas. A partir de cada caso, o especialista poderá indicar o uso correto de meias elásticas que auxiliam na circulação ou a prescrição de medicamentos que podem ajudar no sistema circulatório.

Segundo Merlo, a mulher tem mais chances de desenvolver varizes, mas os casos de trombose podem atingir tanto mulheres quanto homens. Quem tem varizes deve ficar atenta. Para o público feminino, outro fator de risco é a associação da pílula anticoncepcional com o fumo. Macedo salienta que não existem problemas para a mulher tomar o anticoncepcional, desde que seja primeiramente verificado o histórico familiar para casos de trombose. “Pacientes sem histórico familiar, que fazem exercício e que tenham uma vida saudável podem usar o anticoncepcional com tranquilidade”, explica Macedo. De acordo com ele, entre os efeitos do cigarro no corpo está a diminuição do calibre dos vasos sanguíneos, o que é potencializado quando há o uso de anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal.

Para prevenir o aparecimento da trombose, é necessário adotar um estilo de vida saudável, com uma relação harmoniosa entre peso e altura. Macedo enfatiza que a prática de exercícios físicos é essencial, principalmente os aeróbicos. “É preciso fortalecer a musculatura da panturrilha, que é considerado o ’coração periférico’ do corpo porque ele ajuda no retorno venoso do sangue dos pés para o coração”, explica.

Drama em uma viagem

Há cerca de dois anos, em uma viagem de férias, a juíza do trabalho Odete Grasselli viveu um drama por causa de uma embolia pulmonar. A partir de Curitiba, ela saiu para uma viagem à Europa e começou a se sentir mal quando o avião estava próximo do pouso na cidade de Frankfurt, na Alemanha, após quase 12 horas de voo. Ela sentiu fortes dores no pe,ito e acionou a equipe de comissários da companhia aérea. Odete chegou a entrar no aeroporto, mas no caminho foi piorando e disse que não teria mais condições de seguir viagem até o destino final. Ela desmaiou e foi encaminhada para um hospital.

Houve a necessidade de uma traqueostomia e de induzi-la ao coma. Ela passou quase um mês internada na Alemanha. “É um milagre eu estar viva. O meu caso surpreendeu os comissários e os médicos”, comenta. Odete lembra que estava muito cansada e estressada antes da viagem, o que a faz acreditar que isto possa ter influenciado no quadro de trombose e de embolia pulmonar. Ela não tinha conhecimento de alguma doença pré-existente nesta área.

Depois de 43 dias, Odete retornou ao Brasil e precisou superar o trauma de viajar de avião. Não conseguiu dormir, mas completou o voo sem problemas. Depois do episódio, a juíza fez outras viagens, mas adotando os cuidados necessários para afastar qualquer risco. Ela tem acompanhamento médico frequente e usa remédios específicos.

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