Em dias nublados, como temos visto com muita frequência em Curitiba e região, surge com mais força uma preocupação que deve ser constante para manutenção de nossa saúde. Sem sol, nossa pele não produz vitamina D, essencial para a absorção do cálcio pelo organismo e, portanto, para o fortalecimento dos ossos. Apesar de este ser o benefício mais conhecido desta substância, a vitamina D ainda contribui para a saúde de outros órgãos e sistemas. No entanto, como a principal fonte, o sol, é um tanto quanto rara na região Sul do país, principalmente no outono e no inverno, é preciso ter ainda mais dedicação com as recomendações médicas para garantir a produção da vitamina.

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De acordo com a médica endocrinologista do Hospital de Clínicas (HC), Carolina Moreira Kulak, a deficiência de vitamina D em indivíduos que moram na região Sul é muito maior do que no restante do país. “Entre 2005 e 2009, participamos de uma pesquisa que avaliou uma nova medicação para a osteoporose e, entre os testes realizados nos pacientes, foi dosado o nível de vitamina D, comprovando essa deficiência em comparação com outros cidades que também participaram do estudo, que foram Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Só nesta última é que havia uma deficiência como a nossa porque também está no Sul”, explica.

Isso não quer dizer que não haja deficiência de vitamina D em indivíduos que moram no Nordeste, mas que os habitantes da região Sul devem se preocupar ainda mais com o assunto, principalmente no outono e no inverno, quando há menos dias de sol. A endocrinologista do Hospital Pilar, Ernestina Auache, explica que essa exposição solar deve durar pelo menos 15 minutos e deve ser repetida diariamente, de preferência no horário entre 10h e 15h. “Os dermatologistas dizem que este horário deve ser evitado para diminuir a incidência de câncer de pele, mas se a exposição não for prolongada, não tem problema. É o melhor momento do dia para a produção da vitamina D”, afirma.

De acordo com a médica, é preciso somente expor uma área grande do corpo, de preferência em regiões que normalmente ficam mais cobertas, como barriga e costas, evitando o rosto e os braços. Carolina reforça o alerta em relação ao exagero. “Não é para ficar o dia inteiro no sol, 15 minutos são suficiente mesmo se for entre 10h e 15h. Se preferir tomar sol antes ou depois desse período do dia, tem que ficar um pouco mais, mas só até a pele ficar quente. Também pode-se substituir a exposição solar diária por uma tempo maior no final de semana, por exemplo, mas sempre sem exagero, sem queimar”, orienta.

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Ernestina ainda afirma que esta preocupação deve começar desde cedo, incluindo as crianças também. “No verão, a exposição solar é mais natural porque a gente tem outros hábitos, como caminhar no parque. Mas o problema é que nem isso as crianças estão fazendo, elas ficam só dentro de casa jogando vídeo-game”, comenta. No entanto, ela não descarta a necessidade de reposição da vitamina por meio de suplementos, como gotas ou comprimidos manipulados, nas estações de frio e de menor incidência de sol. Alguns alimentos, como a sardinha, também contêm vitamina D, mas não o suficiente para garantir a reposição integral, segundo Ernestina.

Além do fortalecimento dos ossos devido à facilitação da absorção do cálcio pelo organismo, um dos maiores benefícios da vitamina D é a proteção contra alguns tipos de câncer. “N&,atilde;o se tem ainda uma comprovação da causa, mas existem estudos observacionais que sugerem que a vitamina D tem um efeito de bloqueio da proliferação de células cancerígenas. Nas mulheres, a substância promove uma proteção contra o câncer de mama e o de colo do útero”, explica Carolina. A médica ainda afirma que a vitamina é importante para garantir a força muscular, tem efeito benéfico em situações de inflamação e influencia de maneira positiva na gestação. “Mulheres com deficiência de vitamina D podem ter complicações no parto. A substância também pode influenciar no estado de saúde da criança no futuro”, aponta.

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Por isso, ela afirma que há grupos de indivíduos que devem se preocupar em realizar testes de medição do nível de vitamina D com mais frequência, pois têm mais risco de apresentar deficiência. São eles: idosos, gestantes, pessoas que têm algum tipo de doença crônica e também pessoas com doenças inflamatórias ou intestinais. Quando a deficiência é detectada – valor abaixo de 30 ng/ml (nanogramas por militro) – e é necessário a reposição por meio de medicação, Carolina indica que o paciente consuma a vitamina em gotas ou comprimidos até corrigir o valor. “Depois disso, precisa de uma dose mais baixa para manter os níveis adequados se não houver exposição solar suficiente, como no inverno. Mas as doses devem ser individualizadas. Não se deve tomar a vitamina sem prescrição”.