Antes mesmo de o TDelas existir, a Tribuna e Paraná Online já alertava sobre a importância do diagnóstico precoce da endometriose, uma doença exclusivamente feminina. Na edição do dia 27 de agosto do ano passado, publicamos dados de uma pesquisa Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) que apontava que somente 28% das mulheres sabem o que é a doença. Agora, com o TDelas, destinado ao público feminino, voltamos ao assunto para que nossas leitoras estejam informadas sobre os riscos que a endometriose pode trazer.
Ainda de acordo com a pesquisa, muitas mulheres confundem a doença com problemas de cólicas menstruais. Realmente, este é um dos sintomas da doença, mas não o único. Além deste, os mais comuns, segundo a médica ginecologista do Hospital de Clínicas (HC), Vivian Ferreira do Amaral, são dor pélvica crônica, dor na relação sexual e, em alguns casos, alterações urinárias e intestinais. Ela ainda afirma que “estima-se que 6 a 8 milhões de mulheres no Brasil tenham a doença”, que acomete quase que exclusivamente aquelas que estão em idade fértil.
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O termo endometriose está diretamente relacionado ao órgão responsável pelo desconforto dessas mulheres, o endométrio. Essa camada interna do útero é responsável pela recepção do bebê durante a gravidez e descama quando não há fecundação, dando origem à menstruação. “A endometriose é a presença de células do endométrio fora da cavidade uterina e pode acometer qualquer parte do corpo. Normalmente, os órgãos atingidos são a região do assoalho pélvico, as trompas e os ovários. Também é comum acontecer na bexiga e no intestino, mas já tive pacientes com endometriose até na garganta”, explica o médico ginecologista do Hospital Pilar, Vicente Letti.
Como o endométrio obedece o ciclo menstrual, as dores também são mensais. E isso interfere constantemente na qualidade de vida da mulher, como aconteceu com a atriz Renata Guimarães, 39 anos. “Descobri a doença em agosto de 2012 porque sentia muita dor nas costas e no baixo ventre, além de dificuldade para urinar, o que causava muito incômodo. E, mesmo com o tratamento, as dores continuam, apesar de terem aliviado”, comenta. No entanto, como não tinha o sintoma tradicional, a cólica, o diagnóstico foi tardio. “Quando soube que era endometriose, já estava com um nível bastante avançado, o que também dificultou o tratamento”, explica.
Além de causar todos esses desconfortos, a endometriose pode trazer dificuldades para quem pretende engravidar. “De 20% a 50% das pacientes pode ter redução da fertilidade, independente do grau da doença, seja leve ou mais severo”, informa Vivian. E quem já teve a doença uma vez, pode desenvolvê-la novamente com mais facilidade. “Mas o diagnóstico em fase inicial, o tratamento por equipe especializada, mudança no estilo de vida e as orientações e seguimento adequados podem minimizar as chances de recidiva”, completa a médica.
Apesar de tudo isso, a endometriose não evolui para outras doenças mais graves, como o câncer, sendo considerada benigna por Vivian. O diagnóstico, que, na média, leva de 5 a 12 anos para acontecer, é feito por exames como ultrassonografia e/ou ressonância magnética, além de avaliação do médico. Já o tratamento é feito preferencialmente por meio de intervenção cirúrgica, com videolaparoscopia. “Quando não há desejo de gestação, pode ser complementado por tratamento clínico (com medicação de fonte hormonal,)”, afirma Vivian.