Em tempos de crise, moda investe no ‘preto básico’

Não é em cima do salto alto que a moda e os seus consumidores estão enfrentando a crise financeira global, mas com os pés bem no chão. A indústria fashion se arma contra o furacão que se anuncia tingindo as suas próximas coleções de preto e limando excessos, como mostrou a São Paulo Fashion Week Inverno 2009, em janeiro. Já a clientela tem na mudança de hábito o seu grande trunfo para sobreviver à recessão: a ordem é segurar o cartão de crédito, investir no “pretinho básico” ou ainda buscar cabideiros alternativos, como os das feirinhas da cidade.

“O preto é a cor mais aceita pelos consumidores, tem um poder enorme de sensibilizá-los, em qualquer cenário econômico”, diz Rufino Luís Martins, professor de Varejo da pós-graduação em Moda do Senac-SP. Assim, ao dominar a cartela dos estilistas da SPFW, o breu mostrou que a primeira arma de quem vive de roupas é a defesa: em tempos de crise, ninguém quer arriscar, para não encalhar nos estoques.

“A recessão deixa a moda menos audaciosa e as cores tradicionais retornam. Com o preto, a chance de erro é mínima”, completa Nivaldo Ferraz Ferreira Júnior, vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Bom Retiro. E Martins completa: “Com a alta do dólar, as roupas importadas estão muito caras, o que favorece a indústria brasileira”. “Os consumidores vão deixar de comprar bens duráveis, como carros e celulares, e optar pelos menos duráveis, como as roupas”, emenda o vice-presidente da CDL. “No Bom Retiro, a perspectiva de crescimento para este ano é de 15%.”

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