Especialistas apontam que, para ser um profissional de destaque no mercado de trabalho, é fundamental desenvolver algumas competências, como o relacionamento interpessoal, criatividade, proatividade, comunicação, entre outras. Mas, mesmo com tantas habilidades técnicas e comportamentais, muitos ainda apresentam uma carência que pode prejudicar sua imagem no mercado: a falta de domínio da língua portuguesa.
Indispensável para profissionais de qualquer área de atuação, um bom conhecimento de português pode melhorar a forma como as pessoas se comunicam e ainda fazer com que elas se destaquem entre os demais. É o que afirma a diretora geral da Toda Letra, consultoria especializada em língua portuguesa, Ana Paula Mira. “Pessoas que não escrevem tão bem podem criar problemas para si e para a empresa, afetando o relacionamento com clientes e até dificultando negociações se não forem claras ou não conseguirem se fazer compreender. Se os problemas forem constantes, até o emprego delas pode correr perigo”.
Segundo Ana, esta falta de intimidade com a nossa língua é muito frequente entre colaboradores das mais variadas idades e profissões, que atuam em empresas de diversos segmentos. “Estas pessoas podem ser ótimas profissionais, com domínio técnico excepcional, mas se apresentarem falhas na comunicação em seus textos, podem até perder um pouco da credibilidade que possuem”, comenta.
Em seu trabalho, a consultora avalia, por amostragem, toda a comunicação dos funcionários feita por e-mail ou outros documentos, para depois apresentar as falhas encontradas à empresa e organizar com ela como será o treinamento do pessoal. “Com os cursos, meu objetivo é ajudar as pessoas a desenvolverem a capacidade de escrever bem, de forma clara, objetiva e de acordo com as normas. Isto gera rapidez e facilidade na compreensão da mensagem, beneficiando tanto a empresa como os seus funcionários”.
Além da falta de clareza e objetividade, entre os problemas mais comuns encontrados pela equipe da Toda Letra, estão os erros de pontuação (no uso de pontos e vírgulas), de concordância (verbal e nominal) e de coesão (no uso de elementos que ligam e unem as ideias) e alguns vícios de linguagem, como o uso de algumas expressões vindas das mensagens da internet.
Do outro lado da linha
Em Curitiba, um serviço criado há 29 anos ajuda as pessoas com dúvidas relacionadas à utilização da língua portuguesa. No total, são cerca de 200 ligações diárias de quem busca auxílio para tirar dúvidas gramaticais. Uma das consultoras que atende a estas ligações há mais de 15 anos é a professora e coordenadora do Telegramática de Curitiba, Beatriz de Castro da Cruz. Segundo ela, os profissionais que mais buscam informações são aqueles que utilizam a escrita e a comunicação como ferramentas de trabalho. “Temos muitos telefonemas de jornalistas, publicitários, advogados, secretárias executivas e responsáveis por funções administrativas. Eles ligam pedindo orientações para questões que aparecem no momento de escrever algum texto importante, como um contrato ou uma correspondência oficial”.
Há tantos anos acompanhando de perto as dificuldades de quem liga para o Telegramática, Beatriz afirma que, com o passar do tempo, as pessoas vêm buscando se aperfeiçoar. “Elas têm melhorado o conhecimento que possuem em português e, com isto, estão conseguindo ascender profissionalmente. Temos um caso de um rapaz que liga para nós há quase dez anos e, com ele, percebemos que as dúvidas mudam – com o tempo passaram a ser mais elaboradas”.
Como dicas para quem quer escrever melhor, Beatriz recomenda pensar para quem este texto está sendo escrito, utilizando uma linguagem adequada ao le,itor; cuidar com o uso da vírgula; evitar palavras ou expressões ambíguas, que podem dificultar a compreensão da mensagem; prestar atenção na concordância entre os verbos, nomes e seus complementos; e ficar atento quanto às sugestões oferecidas por sites da internet e pelos corretores dos programas de edição de texto, já que nem sempre as correções gramaticais que eles sugerem estão corretas. “E como dica principal, oriento o profissional a ter um bom dicionário físico ou digital em sua casa ou no trabalho. Eles são fontes seguras para a pesquisa ou consulta de palavras”.