Dizer ‘não’ aos filhos deve ser algo natural aos pais

Neste processo de educação dos filhos, no qual os valores da família são passados adiante, muitas vezes, é necessário dizer “não” para vários pedidos que as crianças fazem, desde comprar um produto da moda até viajar com os amigos. O que acontece, no entanto, é que muitos pais têm dificuldade em dizer essa simples palavrinha para os filhos, seja por insegurança, por medo de causar uma frustração, para compensar uma ausência ou mesmo por possibilitar uma vida que eles próprios não tiveram.

Independente de qual seja o motivo, é preciso que os pais entendam que dizer “não” também faz parte da educação das crianças. Para o professor de Psicologia da Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Américo Agostinho Rodrigues Walger, esta tarefa nunca deveria ter sido excluída do escopo das obrigações dos pais na criação dos filhos. “Desde os anos 1970, houve uma psicologização muito grande da educação das crianças e as pessoas passaram pensar demais em coisas que são simples e não deveriam nem ser questionadas”, critica.

Para ele, existe uma preocupação exagerada com essa discussão. “Falta um pouco de espontaneidade na relação entre pais e filhos hoje em dia porque é tudo politicamente correto demais. Quando os pais querem dizer “não”, basta fazê-lo. Freud mesmo já dizia que não se pode fazer da criança uma majestade”, comenta. Ele defende que os pais se posicionem porque não podem deixar as crianças fazerem tudo que quiserem. Não é preciso ter medo de que algo dê errado, afinal são os próprios pais que moldam muito da personalidade do filho.

O professor acredita que, em famílias de classe média, a situação é ainda pior, principalmente se têm apenas um filho. “Isso cria uma expectativa muito grande em cima da criança e os pais ficam com medo de magoá-la”, explica. Para ele, neste caso, existe apenas uma dica muito simples: dizer não quando precisar, sem violência, mas com firmeza. “É preciso colocar limite, mas sempre explicando o motivo. Senão, a criança corre o risco de desenvolver uma baixa tolerância à frustração e, no futuro, pode sofrer mais ou fazer outras pessoas sofrerem”.

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