O que o roqueiro Jon Bon Jovi e a popstar Madonna têm em comum? Além da fama e do vigor artístico em plena meia idade, lá nos idos dos anos 1980, os dois artistas adotaram penteados que hoje não fazem tanto sucesso entre as jovens: o permanente e o suporte.
Passados 30 anos, a camaleoa Madonna vira e mexe segue apostando nas ondulações. Enquanto Bon Jovi aderiu, com o passar do tempo, a um corte mais comportadinho. Repicado, mas sem alvoroço.
E a moda não estava nas cabeças de artistas estrangeiros apenas. O penteado de Cláudia Raia em suas primeiras novelas, Roque Santeiro e Sassaricando, também despertava inveja em todas as adolescentes e jovens da época. O sucesso dos cabelos cacheados era tanto em décadas passadas, que seguindo a linha do revival dos anos 1980 e 1990 nas passarelas, no ano passado, o estilista Alexandre Herchcovitch tentou resgatar a moda do penteado retrô.
No lançamento de sua coleção primavera-verão 2012/2013 no São Paulo Fashion Week (SPFW), as modelos da grife desfilaram na passarela balançando cachos e mais cachos. Mas, o volume do cabelo “juba de leão”, tão em voga há 20, 30 anos, não fez o mesmo sucesso agora. Ele perdeu mesmo lugar para as madeixas alisadas pela chapinha, escova progressiva e outras técnicas. A tendência hoje é mesmo alisar. Enrolar os cabelos? Só numa ocasião especial, como batizado, aniversário, casamento.
Aí, para ficar com os cachos à la Gisele Bündchen, entra em cena o babyliss (modelador), que deu lugar aos bobes da vovó. Ou então, fazer aquele permanente afro, para quem já tem cabelos com cachos definidos. Mas é raro quem tem cabelo liso e quer enrolar. Com mais de 30 anos de profissão, Fernando Rocha Bueno, profissional de cabelo do Lady & Lord, tem experiência no assunto e afirma que é não é muito comum encontrar alguém que peça o permanente atualmente, senão mulheres de meia idade. “Hoje em dia é muito difícil encontrar quem faça permanente. Só quem não gosta de cabelo liso é que faz, o que é bem raro”, afirma.
Vez ou outra, segundo ele, surgem garotas no salão querendo ficar com o cabelo cacheado igual ao da personagem Helô, a delegada interpretada pela atriz Giovanna Antonelli, na novela Salve Jorge, da Rede Globo. Fernando é sincero e alerta a cliente. “A permanente não é indicada para os cabelos que tem muita química, com mechas, tinta, descolorante, pois os fios viram um elástico. Quebra tudo. E o cabelo da atriz é crespo natural”, adverte.
Isso porque as técnicas do suporte, com um visual mais leve, e do permanente, com os cachos bem pronunciados, também são procedimentos agressivos aos fios. Em média, o permanente fica pronto em uma hora. “Primeiro é preciso enrolar o cabelo, depois aplica-se o produto para permanente. Depois de uma pausa de 10 a 20 minutos, enxágua-se o cabelo e aplica-se o produto para fixar a permanente. Depois é só desenrolar o cabelo, enxaguar e passar o creme”, explica.
Aparentemente, o permanente e o suporte passaram a ser coisa de vovó mesmo. Uma das clientes de Fernando é a assistente social aposentada Inês Sikorski, 72 anos, que lembra sua foto de noiva com os cabelos ajeitados pelo suporte. Desde então, ela se habitou com o penteado. “Meu cabelo é muito liso e o suporte levanta. Sem ele, não sou ninguém”, admite.
Por falta de clientela, há salões que não mais disponibilizam o kit para permanente, como o Jean Louis David. “Como não é uma procura semanal e o produto tem validade curta, optamos por não ter mais o kit. Quem quer enrolar usa o babyliss ou até mesmo a prancha. O penteado sai na próxima lavada”, afirma a hair stylist Cristiane Machado. Segundo ela, a mais pedida no salão é a escova progressiva. “O alisamento ganha”, afirma.
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Jon Bon Jovi, Madonna e Cláudia Raia: adeptos do permanente ou suporte na década de 1980. |