Seja no ambiente de trabalho ou em nossas relações pessoais, o fato é que ter uma boa comunicação é fundamental, já que o desenvolvimento dessa habilidade pode trazer diversos benefícios, como ser bem compreendido, evitar conflitos por interpretação equivocadas sobre algo que foi dito, ganhar agilidade na troca de experiências e informações, entre outras vantagens. No entanto, ter o cuidado de falar de forma clara e correta não basta. Para quem quer se comunicar de forma eficaz, também é preciso prestar atenção no que as outras pessoas dizem. Isso mesmo, ser um bom ouvinte pode fazer toda a diferença nas conversas com as pessoas que convivem ou trabalham com a gente.
“A comunicação é uma das maiores habilidades que os profissionais de nossa época precisam ter”, afirma a coach Cibele Nardi. E, segundo ela, esta comunicação só será realmente efetiva se o profissional tiver uma escuta ativa, ou seja, se ele tiver disposição e dedicação para ouvir tudo o que o interlocutor diz, antes de interromper com uma pergunta ou de formular um conceito sobre o que ainda está sendo dito. “Precisamos ouvir 100% e, depois, fazer um julgamento do que foi dito, analisando as palavras e também os gestos corporais, o que conhecemos como linguagem verbal e não verbal. Precisamos ouvir para, depois, pensar. E nossas respostas não precisam ser imediatas”, diz.
E não seguir essas orientações pode trazer problemas. “Não ouvir gera conflitos, perda da produtividade e perda de aproveitamento, do que ia ser trazido até o fim da fala do outro”, afirma Cibele. Por isso, a coach sugere ter tolerância e boa vontade ao manter um diálogo com alguém, especialmente se essa pessoa for um colega de trabalho, parceiro, chefe ou cliente.Mas ser um bom ouvinte não significa dar ouvido a tudo. “Devemos ter critérios: este diálogo que estou tendo agora vai trazer resultados para mim, para minha equipe ou para a empresa? Esta conversa vai me levar para onde?”, questiona Cibele.
A coach ainda orienta que as conversas indesejadas no ambiente corporativo sejam interrompidas de forma sutil, mudando do assunto inadequado para algo relacionado dia a dia dos profissionais envolvidos. “Ninguém precisa ser indiferente. Todos nós sabemos como colegas são e vivem, se são casados ou têm filhos. Mas isto não significa que devemos partilhar com eles assuntos íntimos ou de nossa rotina em família. Não devemos jogar tudo em cima do outro, o tempo todo, ninguém quer saber se sua rotina é exaustiva ou prazerosa, se você tem insônia ou se sua vida é perfeita”, observa a coach.
Sentimento de acolhimento
A psicóloga do Grupo SIP Gestão de Pessoas Mariana Bacellar, concorda que ser um bom ouvinte no ambiente de trabalho é muito importante, pois, desta forma, o processo de troca entre as pessoas é mais intenso. “A pessoa que é ouvida e compreendida fica satisfeita e isso gera vínculos mais fortes entre os interlocutores, o que é muito benéfico. O fato de alguém não se sentir acolhido pode gerar conflitos, que podem ser evitados com uma boa comunicação”.
Mariana ainda afirma que ter uma boa comunicação é competência bem vista e requisitada pelas empresas, que buscam empatia e a paciência entre seus colaboradores. “Ser um bom ouvinte é um diferencial, principalmente nas funções de liderança. Quando a pessoa está ocupando um cargo de liderança, de gestão, ela precisa ter essa habilidade de ouvir e escutar não só aquilo que está sendo efetivamente falado, mas toda a comunicação que aquele colaborador está fazendo, mesmo que não verbal”.
Ela ainda explica que ser um bom ouvinte ajuda o profissional em sua relação com a empresa. “A gente tem que pensar qual é o desejo da pessoa que está trabalhando e isso tem que combinar com o que a organização tem para oferecer. Ser um ouvinte,, independente da situação ou do cenário, é fundamental para o sucesso nessa relação entre profissional e empresa”.
E, além de ser um bom ouvinte, a psicóloga também indica cuidar com a mensagem que passamos, para que as pessoas consigam nos compreender. “Não estar se sentindo ouvido é uma responsabilidade de quem está comunicando. Se esse for o seu caso, procure fazer uma reflexão, pois o problema pode estar na forma como você esta se expressando. A responsabilidade de ser compreendido é sempre do comunicador”.