Apesar dos avanços conquistados pelas mulheres no mercado de trabalho, que conta hoje com a presença feminina nas mais diversas áreas e profissões, elas ainda enfrentam muitas dificuldades para progredir profissionalmente. Além das diferenças e desvantagens pelas questões de gênero, entre os muitos desafios enfrentados por elas para avançar na carreira estão a acirrada concorrência, a difícil dupla jornada e também o próprio comportamento que algumas apresentam no ambiente profissional.
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Segundo a psicóloga e coach da B! Storytelling Gisele Meter, muitas mulheres possuem algum tipo de complexo no trabalho, independente do cargo que ocupam nas empresas ou de suas condições sociais. “Na psicologia, o complexo é uma imagem sobre si mesma que nem sempre é verdadeiro. Ele faz com que a pessoa construa um muro imaginável em torno de si, impedindo seu avanço. Quando uma mulher atua baseada em complexos, deixa de mostrar o que tem de melhor, comprometendo sua imagem profissional e dificultando suas chances de chegar ao topo na carreira”.
Para compreender melhor alguns dos complexos mais comuns no ambiente corporativo, a psicóloga fez uma comparação entre eles e o comportamento apresentado por personagens dos contos de fadas, como, por exemplo, a Cinderela. Muito encontrada nas empresas, a mulher com o Complexo da Cinderela é aquela profissional sonhadora e passiva. “Ela espera que um príncipe ou uma promoção venha salvá-la. É uma mulher acomodada, que perde oportunidades por esperar que elas aconteçam como um milagre”, explica.
Além dela, a princesa Branca de Neve também representa um complexo. “A Branca de Neve é aquela funcionária simpática, que busca agradar a todos. Ela não se importa em fazer o café ou fazer trabalhos extras. Ela não sabe dizer não e por ser ingênua acaba ficando em segundo plano, sem avançar dentro da empresa”, comenta. Ainda na linha das mulheres passivas, encontramos a Rapunzel, uma mulher que tem medo de se arriscar. “Assim como a Cinderela, ela espera por um milagre. Mas Rapunzel não tem a perspicácia de enxergar além do óbvio, acreditando em tudo o que lhe dizem, sem questionar”.
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Frequente entre as mulheres mais jovens, da chamada geração Y, estão aquelas com Complexo de Fiona: ora princesas, ora ogras. “A Fiona é a mulher que oscila muito. Tem potencial, mas não reconhece e não sabe explorar sua força”. Mas dentro de uma empresa, as mais temidas e odiadas costumam ser a Bruxa Má e a Rainha de Copas.
Segundo a psicóloga, a Bruxa Má é aquela que faz fofoca e que pratica bullying com os colegas. “O complexo da Bruxa Má representa a mulher que vive se comparando com as colegas de trabalho, que acredita ser a melhor e que não aceita crítica. É a mulher que quando sente que sua competência pode ser ameaçada, trata logo de prejudicar ou eliminar a rival”, esclarece. Já a Rainha de Copas representa mulheres poderosas, autoritárias e com pavio curto. Para resolver seus problemas, elas costumam determinar: “cortem sua cabeça!”, atitude que toma geralmente sem se arrepender. “No fundo, ela é insegura e se sente ameaçada a todo o momento, precisando provar e demonstrar seu poder”, diz Gisele.
Lidando com o complexo
A assistente de departamento p,essoal Ana Paula Soares, de 37 anos, é uma das mulheres que se identificou na analogia dos complexos com as personagens das histórias infantis. “Tenho um pouco do Complexo de Rapunzel, sofro com mudanças, tenho pavor de entrevistas e o fato de começar em novo lugar, com pessoas que não conheço, me assusta. E também apresento um pouco do Complexo de Branca de Neve. Todos na empresa gostam de mim, tenho muitas amizades e gosto muito de ajudar. Mas agindo assim acabo ajudando muitos, que são promovidos enquanto eu fico onde estou”, analisa.
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Depois desta autoanálise, ela decidiu mudar. “Ao perceber meus complexos, decidi que deveria mudar meu modo de agir. Voltei para a faculdade e estou fazendo vários cursos em minha área. Tudo isto para deixar meu currículo melhor e, assim, ter mais segurança para agir. Além disto, falei para meu chefe que precisava saber meu valor para a empresa e que, apesar de sempre receber muitos elogios, nunca tinha recebido um aumento. Felizmente, neste mesmo dia recebi uma promoção e um aumento de salário”, conta Ana Paula.
E de acordo com a psicóloga Gisele Meter, para aprender a lidar com os complexos e reverter esta situação, o ideal é buscar autoconhecimento. “É preciso ter objetivos na carreira, analisando o que foi conquistado e o que a mulher ainda pretende alcançar. Para atingir suas metas, ela precisa conhecer seus pontos fortes e fracos e, com força de vontade, superá-los”. Como dica, ela sugere conversar com amigos ou colegas de confiança, buscar informações sobre carreira em livros e filmes, ou ainda, procurar ajuda com um coach ou psicólogo, verificando quais atitudes proporcionam maior segurança.