Contas e planejamento fazem toda a diferença no final do mês

Você costuma poupar o seu dinheiro? Se sua resposta é não, você faz parte da parcela de 51% das mulheres brasileiras que não poupam, de acordo com a pesquisa “Barômetro Internacional de Educação Financeira da Mulher”, encomendada pela Visa. Além de não contar com a chamada reserva de emergência, nem recursos para conquistar seus sonhos, o dado também mostra que a mulher ainda não sabe guardar o seu dinheiro.

As razões para esta situação envolvem desde a falta de estabilidade financeira para poupar até um momento para adaptação às novas responsabilidades das mulheres, que por muito tempo delegaram aos maridos o controle das finanças da família. “Elas têm uma trajetória diferente dos homens. Isso vem mudando, mas ainda é muito recente. A mulher está conquistando seu espaço e isso traz a questão salarial, assim ela precisa rever suas prioridades e ajustar suas rotinas”, analisa a consultora do programa de educação financeira Finanças Práticas, Waldeli Azevedo. O foco da preocupação financeira também difere entre homens e mulheres. Em muitos casos comandando as famílias sozinhas, elas gastam principalmente com os filhos e artigos domésticos.

“Não ter reserva deixa o orçamento vulnerável a qualquer imprevisto que possa acontecer. A família fica desamparada”, alerta Waldeli. Mas antes de poupar é preciso estar com a situação financeira em dia, sem dívidas, e no controle das contas. Desta maneira é praticamente uma obrigação saber exatamente como estão as finanças, desde as grandes contas até os pequenos gastos diários.

A planilha de gastos é item fundamental. Desta forma é possível identificar quanto se gasta e com o quê. Além da tabela, o monitoramento precisa ser constante, inclusive da lista de supermercado, que evita gastos desnecessários. “Fechando o orçamento sem dívidas é possível começar a poupar, mas não caia em tentação. Quando chegar o salário já separe o que vai guardar. Reservar é a primeira conquista. Assim tira um pouco a tentação de gastar depois. Se deixar para o fim do mês com certeza vai aparecer outra prioridade”, orienta a consultora.

Sonho em primeiro lugar

O educador financeiro e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, também defende que a reserva deve ser a primeira preocupação das famílias. Ele argumenta que apenas priorizando desejos maiores as pessoas conseguem controlar os gastos supérfluos. “Primeiro vem o sonho, depois a despesa. Só se consegue trocar os gastos exagerados e não conscientes por uma coisa mais importante pra ela, como a viagem, a troca do carro…”, afirma.

Autor de livros sobre o assunto, ele avalia a situação de muitas famílias brasileiras como falta de educação financeira. “O consumo existe e o crédito fácil também. O que nós temos que fazer é aprender a lidar com a questão de crédito e o consumo consciente. A população precisa se reeducar financeiramente”, destaca Domingos.

Foi poupando que Karoline Aparecida Scroch Sato, 29 anos, conseguiu dar início à sua vida de casada. Foram dois anos guardando dinheiro para casar e comprar um apartamento. Depois disso, mais três anos de preparação para a construção do sobrado onde mora hoje e para a chegada do filho. “Conseguimos administrar bem”, conta ela que, junto com o marido, reservava aproximadamente 30% dos ganhos.

A disciplina com as contas vem desde a infância. Filha de economista, ela aprendeu cedo a poupar. “Já tinha educação financeira de casa. Meu pai dava a mesada e antes pensava bem no que fazer para não gastar sem saber. Planejava e esperava ,ter mais dinheiro para comprar o que eu quisesse”, lembra. Com a vida de casada, a organização continuou e Karoline divide todos os gastos com o marido. “Dividimos tudo, por contas. Se compramos alguma coisa específica pra casa também dividimos”, afirma. Agora, o próximo passo é terminar de pagar as contas da construção da casa nova.

Sem infidelidade

A fidelidade financeira também deve entrar na vida comum do casal, sob o risco de gerar problemas nas contas e no casamento. Esconder gastos do parceiro ou delegar toda a responsabilidade a apenas um deles é um problema corriqueiro, porém grave. “É preciso compartilhar sempre. Tem que decidir junto e falar muito sobre isso. Quando bem usado, o dinheiro leva o casal a enriquecer junto. Duas pessoas com o mesmo objetivo conseguem muitas conquistas”, garante Waldeli.

Pé no freio

Com a alta de juros e o mercado instável, as paranaenses estão gastando menos, conforme explica o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), Carlos Magno Bittencourt. “As consumidoras estão mais cautelosas, pagando as dívidas e não criando novas. Quem experimenta pagar juros não vê a hora de sair da situação e passa a se controlar. Já o impulsivo continua endividado”, afirma. Ele ainda alerta que o cartão de crédito é o grande vilão das finanças, com uma das taxas de juros mais altas. O cheque especial representa a segunda maior despesa e também precisa de atenção. “O consumo é importante, o consumismo não. Ele desequilibra o orçamento”, destaca.

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