Coração de mãe não é grande, é imenso. Nele, há lugar para todos os filhos, independente se são biológicos, adotivos, de criação, ainda crianças, já adultos, se moram longe ou estão bem perto. Aos olhos da mãe, todos são igualmente importantes. Para a maioria das mulheres, a maternidade é um acontecimento especial que se estende pela vida inteira. Um bom exemplo, que demonstra tudo isso, é a enfermeira aposentada, que hoje se dedica a jardinagem, Maria de Fátima Sattin Pereira, de 59 anos. Mãe de três filhos biológicos, de cinco filhos adotivos, e avó de dois netos, ela é a matriarca de uma família grande e unida.

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Fátima, como é mais conhecida, se casou há mais de 35 anos com Adelino Pereira, de 66 anos, que até hoje é seu grande companheiro. Logo após o casamento, a enfermeira, que trabalhava no Hospital Evangélico em Cambé, engravidou do primeiro filho o Luís Roberto, “Betão”, hoje com 34 anos. Em seguida, veio Ludmila, de 32, e depois o terceiro filho biológico, Lúcio André, de 31.

Mas o crescimento da família não parou por aí. Quando seus primeiros filhos eram pequenos, Fátima também fazia trabalho voluntário em hospitais da região de Cambé e Londrina. Para ajudar os doentes, ela dava banhos, fazia curativos e cortava o cabelo de quem estava internado. Comovida com as dificuldades alheias, passou a oferecer seu lar como casa de apoio para receber crianças carentes e idosos da região. “Todas as semanas, eu trazia pessoas para minha casa, principalmente crianças”. Com tanto amor recebido como voluntária, cresceu a vontade dela de ter mais filhos.

Seguindo seu coração, Fátima se cadastrou e entrou para a fila da adoção. “Eu desejava uma menina, para ficar com dois casais de filhos. Mas o primeiro que apareceu foi um menino, o Lucas, que chegou na minha casa com três anos de idade”, lembra. Depois de Lucas, vieram ainda Anderson, de 19 anos, que foi adotado aos três anos, Daiane, de 19, adotada com um ano, Marine, de 17, que entrou para a família ainda bebê, com seis meses de idade, e Marilza, de 34, que morou com a família por muitos anos e completa o time de filhos.

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Ao falar sobre sua vida de dedicação à família e aos necessitados, Fátima é categórica: “Não me arrependo de nada. Se precisasse, faria tudo de novo, em dobro. Tenho orgulho dos meus filhos. A felicidade deles é a minha felicidade”. E seu esforço resultou em uma família feliz. “Somos unidos, nos reunimos no Natal, Ano Novo, Páscoa e também sempre que possível, em casa, juntos em torno da mesa na hora do almoço”. Sobre as atuais dificuldades enfrentadas pelas mães modernas, Fátima considera que educar um filho é mais complicado que anos atrás. “Hoje, é difícil para a mãe ter que criar as crianças e ainda ter que trabalhar. A educação dos pequenos também mudou, o meu ‘não’ era não e pronto, acabou. Hoje em dia, tudo é muito liberal, as crianças querem tudo e os pais dão, sem impor autoridade. Antigamente, o comportamento era outro, meus filhos sempre me respeitaram, pediam benção e me chamavam de senhora”.

“Padecer no paraíso”

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Criar os filhos nunca foi uma tarefa fácil, seja para a experiente Fátima e seus oito filhos ou para uma jovem mãe que tem apenas uma criança. Segundo a psicóloga Francine Porfirio, “a cada geração os filhos crescem com necessidades específicas, correspondentes ao seu tempo”. Ou seja, a cada época, as crianças precisam crescer com diferentes experiências e aprendizados. “O que permanece igual são os valores ensinados em casa como respeito e honestidade”, completa.

A psicóloga ainda afirma, que, ao educar uma criança, é importante estar atento ao estabelecimento de regras, como o que pode ser feito e o que não pode. “Mães e pais precisam estabelecer regras sobre os comportamentos adequados e as punições para quem descumpre o combinado. Saber dizer não ao filho também é importante, para que ele entenda que na vida nem sempre as coisas acontecem como desejamos”.

Sobre a falta de tempo e a culpa que algumas mães sentem por passar o dia longe dos filhos, Francine afirma que “é bom trabalhar para oferecer o melhor ao filho, mas o mais importante é acompanhar seu desenvolvimento, valorizando os momentos passados juntos e não deixando de impor os limites necessários”.

Colaborou: Brunno Brugnolo