Se você tem acompanhado as matérias de Carreira todas as segundas-feiras aqui no TDelas, com certeza se lembra de uma palavra que tem se tornado recorrente por aqui: que é coach. Apesar de o termo estar presente cada vez mais em nossas páginas, principalmente em referência a especialistas que atuam nessa área de desenvolvimento profissional, como a nossa própria colunista Ana Paula Döring, ainda faltava uma explicação mais elaborada sobre o que efetivamente um coach.

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Em inglês, de acordo com o dicionário Michaelis, coach quer dizer professor particular, aquele que ensina, prepara ou treina. Até mesmo porque outro significado desta palavra, também na língua inglesa, é treinador esportivo, como um técnico de time de futebol. E, pode-se dizer que, mesmo que o trabalho deles não estava diretamente relacionado a essa segunda definição, as atividades desses profissionais que atuam na área de desenvolvimento profissional têm grande proximidade com as desempenhadas pelos esportistas.

De certa forma, o coach, mesmo no ambiente do trabalho, também é um técnico, um profissional que treina quem precisa descobrir suas habilidades. Inclusive, o conceito de coaching no mercado de trabalho surgiu por meio de uma associação com o esporte, como explica a coach Aline Castro. “De certa forma, esse trabalho teve início com o livro O Jogo Interior do Tênis. Nele, o autor, Timothy Gallwey, considerado o precursor do coaching, mostra que o que impedia seus alunos de vencer não era a técnica, mas outros fatores, como o medo de errar, o medo do julgamento alheio e atos auto-sabotadores”, conta.

E são justamente essas questões que o coach tenta atacar, por meio de sessões de acompanhamento por um período de tempo determinado já no início do trabalho, de acordo com o objetivo que o profissional quer atingir. “Só é importante entender uma diferença básica em relação à terapia. O coaching tem foco no futuro, não no passado, em bloqueios e traumas, e pretende identificar atitudes que a pessoa precisa abandonar e outras que ela precisa adquirir para atingir o que quer”, explica Aline.

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A também coach Andréa Montrucchio (foto) esclarece ainda outro ponto que pode causar confusão. “Coaching acabou se tornando uma palavra da moda, mas tem muita gente que nem sabe o que significa, acaba entrando em sites de consultoria e cai em mãos de profissionais que não têm qualificação e colocando que são coaches para agregar mais serviços”, analisa. É por isso que existe um órgão internacional para regulamentação da profissão, a International Coach Federation (ICF), na qual mais de 20 mil profissionais estão associados no mundo todo – pouco mais de 200 no Brasil.

Mas isso não quer dizer que o profissional sempre chega ao coach com um objetivo definido. “Tem gente que não sabe exatamente o que quer, só sabe que não está feliz. Por isso, fazemos um mapeamento de talentos, habilidades, desejos, atividades que a fazem bem, para que, trabalhando o alinhamento dessas questões, a pessoa descubra o que precisa mudar”, revela Aline. Para Andréa, os profissionais que mais procuram o coaching são aqueles que se encontram em momentos nos quais sua carreira acabou ficando estagnada.

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Qual o público-alvo do coaching?

Como a maioria dos coachees (pessoas que se submetem a esse acompanhamento de carreira) estãocom carreiras estagnadas, a faixa etária dos profissionais que mais procuram o coaching fica entre 30 e 45 anos. E parece que tanto a profissão de coach quanto a posição de coachee têm agradado bastante as mulheres. De acordo com dados da ICF, dois entre três profissionais de coaching são mulheres. Entre os coachees, elas parecem ter mais sucesso também, conforme comenta o coach José Geraldo Recchia.

Segundo ele, “há uma tendência de as mulheres se comprometerem com os propósitos que assumem no processo de coaching em porcentagem maior do que homens”. Para Recchia, isso se explica porque as mulheres são mais flexíveis. “Acred,ito que, por ser histórico de lutas por mais espaço no mercado de trabalho, elas estão mais predispostas a abrir mão de algumas coisas para conseguir o que querem”, opina. O coach ainda ressalta que, além dos atendimentos individuais, muitas vezes, esses profissionais atuam dentro das próprias empresas.

“De maneira geral, os problemas que observamos nas empresas são, em sua grande maioria, de relacionamento – conflitos com subordinados ou com pares, normalmente. Assim, as empresas contratam o coach para ajudar quem está com dificuldades no próprio cargo ou como preparação para os profissionais que receberão uma promoção”, explica. Independente de qual seja o caso – coaching corporativo ou individual -, o coachee tem que entender que o resultado depende só dele. “Se estivéssemos falando de um salto com vara, o coach é quem fornece a vara, quem dá as ferramentas”.

Mas nem todas as pessoas podem se submeter a um processo de coaching. “Se ela está passando por uma crise emocional muito complicada é preciso que ela se submeta a um suporte terapêutico antes porque o coaching não pode resolver essas questões. Se não é flexível, não está aberta a mudanças, também não adianta”, afirma Recchia.

Para Aline (foto), antes de escolher o profissional que vai atendê-la, é preciso conhecer várias opções. “Esse trabalho está embasado em uma relação de confiança. Então, é importante conversar com vários profissionais até chegar àquele com o qual a pessoa se identifique mais. E a vantagem é que, diferente de quando o coaching chegou ao Brasil e era restrito a altos executivos, hoje ele está se popularizando e qualquer pessoa pode ter acesso”.

Aliocha Mauricio