A Páscoa se aproxima e, mesmo quem pretende fugir da data comemorativa, tem dificuldade para evitar a tentação despertada pelos chocolates. A cada esquina, uma nova vitrine traz ovos e barras de todos os tipos, cores, sabores e tamanhos. Segundo levantamento da Associação Brasileira da Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), realizado no ano passado, 75% dos brasileiros consomem chocolate com frequência, sendo que 55% são mulheres e 35% não o trocam por nenhum outro doce. Mesmo assim, evitar este alimento já quase virou hábito entre as mulheres, principalmente devido à possibilidade de ganho de peso. Mas será que o chocolate é tão vilão assim?
Especialistas afirmam que não, que o chocolate pode trazer muito mais benefícios do que prejuízos para saúde, desde que consumido com moderação e dando prioridade a uma versão mais amarga do doce, que contém mais cacau (até 70%) em sua composição. “Esse é o que tem mais benefícios. O cacau é um nutriente muito rico em antioxidantes, especialmente em polifenóis”, explica a especialista em nutrição e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maria Isabel Correia. É justamente a presença desses elementos que faz com que o chocolate possa ser considerado mais herói do que vilão quando se fala em impactos sobre a saúde das pessoas.
Devido a esta propriedade antioxidante, o chocolate amargo pode contribuir com a prevenção de algumas doenças sérias. “Por possuir esse elemento em sua composição, ele ajuda a manter a pressão arterial normal, um bom nível de colesterol e também contribui com a prevenção do envelhecimento, principalmente da pele”, explica a nutricionista do Hospital Vita, Graziele Pasetti. Mas isso só vale mesmo para os chocolates mais amargos, com maior quantidade de cacau – chocolates ao leite e brancos não possuem esta propriedade devido à menor presença da fruta (no caso do branco, é ausência mesmo), assim como a maior presença de açúcares e gorduras.
Outro benefício desse tipo de chocolate é a liberação de alguns hormônios que dão a sensação de bem-estar, como a endorfina e a serotonina, o que contribui para o alívio de dores de cabeça e até dos sintomas da famosa Tensão Pré-Menstrual (TPM). Só para que para ter acesso a todas essas vantagens sem o prejuízo do ganho de peso, a quantidade indicada para consumo diário é bem pequena. “O recomendado é ingerir apenas 20 gramas por dia. E não se pode acumular essa quantidade para o final de semana, por exemplo. Esta é uma quantidade para consumo diário, não se pode comer 140 gramas no sábado porque aí você vai ao exagero, que pode trazer prejuízos”, orienta Graziele.
Por outro lado, se consumido sem moderação, o chocolate pode levar a todos os problemas que pode prevenir, levando a aumento dos triglicerídeos, do colesterol e da glicose sanguínea, que ainda podem causar doenças cardiovasculares, além do aumento de peso. E, assim como outros doces, com açúcar em sua composição, pode levar às temidas cáries se não houver higienização adequada após a ingestão. No entanto, o problema da acne, comumente associado ao consumo deste doce não deve ser incluído entre os prejuízos trazidos por este alimento. “Não há estudo científico que comprove essa relação”, afirma Maria Isabel.
Fique atenta a opções mais saudáveis
Para quem, ainda assim, está em dúvidas sobre as vantagens e desvantagens de comer chocolate nesta Páscoa (ou em outros momentos do ano), preferindo algo mais saudável “pra garantir”, uma opção é o consumo de alfarroba. “Este alimento é um,a vagem, isenta de lactose, glúten e açúcar, com menos gordura e maior quantidade de fibras, que tem um gosto bem parecido ao do chocolate”, explica Graziele. A alfarroba pode ser consumida em diferentes preparações (confira algumas receitas ao lado) e é encontrada no Mercado Municipal ou em lojas de produtos naturais.
Por sua vez, Maria Isabel lembra que o consumo consciente e saudável de chocolate depende muito de cada indivíduo também. “A pessoa quer se dar ao prazer de comer uma barra inteira de chocolate? Tudo bem. Mas como compensar isso? Ela está disposta a deixar o bife ou a batata frita de fora do prato em outra refeição? É uma simples questão de matemática”, comenta. Por isso, além de moderação, é preciso dar preferência ao chocolate com maior concentração de cacau e mais “puro”. “Quanto mais elementos forem adicionados – nozes, frutas secas, leite -, mais conteúdos calóricos acabam sendo associados”, diz a professora.
Por último, Graziele lembra que é preciso tomar cuidado para não cair na “enganação” dos chocolates light e diet. “Sempre temos que lembrar que os produtos diet não possuem um ou mais ingredientes em sua composição. Só que o que acontece com o chocolate é que, normalmente, se ele não tem açúcar, tem uma quantidade maior de gordura ou vice-versa. Já os light apresentam no mínimo 25% de um ingrediente com quantidade reduzida, mas mantém a mesma quantidade dos demais componentes”, explica.
Colaborou: Lucas de Vitta com informações das Agência