Alerta importante

Câncer do colo do útero é o que mais atinge mulheres

Uma doença silenciosa que demora para se desenvolver e apresentar sintomas, mas que é a segunda maior causa de morte por câncer entre as mulheres de todo o mundo e o câncer mais fatal na população feminina que reside em países em desenvolvimento, de acordo com a União Internacional Contra o Câncer (UICC). Este é o câncer de colo de útero ou câncer cervical, uma enfermidade que atinge o colo, região que conecta o útero ao fundo da vagina.

No Brasil, conforme informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer do colo do útero é o terceiro tumor mais frequente entre as mulheres, atrás apenas do câncer de mama e do colorretal. Além disto, é a quarta causa de morte de mulheres por câncer no país. No total, o Brasil apresenta cerca de cinco mil mortes e mais de 15 mil novos casos da doença por ano. Ainda, segundo o médico ginecologista Carlos Afonso Maestri, do serviço de Ginecologia, Mama e Patologia Cervical do Hospital Erasto Gaertner (HEG), o câncer de colo de útero atinge cerca de 500 mil mulheres por ano no mundo, sendo a causa da morte de cerca de 250 mil delas.

Os números são assustadores, mas Maestri acredita que eles poderiam ser muito menores se as mulheres se dedicassem mais à prevenção. “Este câncer mata uma mulher a cada três minutos no mundo. É um numero muito relevante, principalmente por se tratar de uma doença evitável, não influenciada por fatores genéticos. O câncer cervical é diferente de um câncer de mama, por exemplo, que pode ser detectado precocemente, mas que não pode ser evitado”, comenta.

O câncer de colo de útero tem como origem principal a infecção pelo HPV, o papilomavírus humano, uma doença sexualmente transmissível (DST). No organismo, o HPV provoca verrugas e lesões genitais e, apesar de existirem muitos subtipos do HPV, apenas alguns estão ligados ao surgimento do câncer de colo de útero, como os subtipos de alto risco: 16, 18, 45 e 56. “Uma mulher não dorme normal e acorda com câncer, esta é uma doença lenta. A maioria das mulheres que desenvolve o câncer tem uma infecção pelo HPV persistente, estando com vírus há mais de dez anos”, relata Maestri.

Com maior incidência em pessoas jovens e com vida sexual ativa, a contaminação pelo HPV se dá principalmente por via sexual. Outra possibilidade de transmissão é a de mãe para filho, durante o parto. Os sintomas costumam aparecer somente em quadros mais avançados da doença, com presença de corrimentos e sangramentos vaginais anormais, dores pélvicas, dores abdominais, problemas urinários, entre outras complicações. Apesar da grande taxa de mortalidade, o câncer de colo de útero pode ser facilmente prevenido e apresenta chance de cura de praticamente 100%, principalmente se for diagnosticado e tratado em sua fase inicial. “Cerca de 70% de todas as mulheres serão contaminadas pelo HPV durante alguma fase de suas vidas sexuais. Mas apenas 1% delas evoluirá para um câncer de colo de útero” afirma o médico.

Prevenção é simples

Tem maior possibilidade de desenvolver o HPV e o câncer de colo de útero quem teve um início precoce da atividade sexual, quem tem múltiplos parceiros, baixa imunidade ou não possui hábitos diários de higiene. Para evitar o câncer de colo do útero, existem duas maneiras simples e eficazes. Uma delas é realizar o exame rotineiro de Papanicolau. “Este exame é indicado para mulheres com idade acima de 25 anos, principalmente para aquelas que possuem vida sexual ativa. A frequência do exame é determinada pelo médico, mas varia entre exames anuais, a cada dois ou três anos”, afirma Maestri.

Outra forma de prevenção contra o vírus HPV &eacut,e; a vacinação. Segundo o médico, existem duas vacinas, uma disponível na rede pública e outra na rede particular. “A vacina oferecida na rede pública é muito boa e deve ser aplicada nas meninas a partir dos nove anos de idade”. Mas para ele, “o que faz com que um estado ou país reduza os casos de câncer e HPV são o acesso aos programas de saúde e ao exame Papanicolau, as políticas públicas e a estrutura sanitária e cultural, afinal estas doenças são evitáveis e quase extintas em países desenvolvidos”.

O tratamento do câncer de colo de útero depende do estágio da doença e das lesões apresentadas pela paciente, podendo ser feito com cirurgias, quimioterapia e radioterapia. Segundo o médico oncologista do Hospital Santa Cruz Luciano Biela, as cirurgias podem remover apenas alguns fragmentos do útero ou em casos mais graves, retirar o órgão inteiro, o que impediria uma nova gravidez. “Cirurgias localizadas com retirada de uma parte do colo devem ser indicadas e avaliadas pelo médico em conjunto com a paciente. Em mulheres mais jovens e sem filhos, verificamos a possibilidade de preservar o útero, caso o estágio da doença permita. Em casos mais avançados, é feita a histerectomia (retirada total do útero), além do tratamento com radio e quimioterapia”. O oncologista lembra que a cura está atrelada ao diagnóstico precoce, ao acompanhamento ginecológico das mulheres a partir do início da vida sexual e a prevenção com as campanhas de vacinação.