Caminhadas fazem bem para o corpo e para alma

Estar com os amigos, apreciar a natureza, fazer exercícios físicos, tudo ao mesmo tempo. Não é preciso praticar esportes radicais ou frequentar hotéis-fazenda para ter essas experiências sempre que quiser. Há quase dez anos, as caminhadas fazem parte da vida de um grupo de curitibanos interessados em unir todas essas necessidades em uma única atividade. Pelo menos uma vez por mês, os integrantes se encontram para conhecer novos lugares e desbravar estradas rurais com dificuldade leve ou mediana.

São os Curitigrinos. O nome, que une o nome da nossa capital com a palavra “peregrinos”, foi escolhido para batizar o grupo porque, no início, todos os integrantes compartilhavam o mesmo interesse pelo Caminho de Santiago de Compostela. Os percursos que compõem o Caminho são famosos por atraírem peregrinos do mundo inteiro. Os trajetos os levam para a cidade onde foram encontrados os restos mortais do apóstolo Tiago (Santiago).

No entanto, apesar de ter sido criado com o objetivo de reunir essas pessoas, atualmente, o grupo conta com muitos outros integrantes que nunca fizeram nem têm intenção de fazer o Caminho. E a maioria dos caminhantes do Curitigrinos são mulheres. “No início, eram apenas 11 pessoas em um grupo informal, mas, com o tempo, fomos nos organizando melhor. Hoje, temos mais de mil pessoas cadastradas e a presença de 80 a 100 integrantes em cada caminhada. Pelo menos 75% são mulheres”, explica a agente de viagens Ana Paula Wanke, 42 anos, presidente do Curitigrinos.

O grupo até passou a ser oficialmente uma associação no ano passado, para poder realizar as atividades de forma mais organizada. “Oferecemos estrutura para a caminhada, com carro de apoio e refeição inclusa”, conta. Por isso, em cada uma delas, é cobrada uma taxa de inscrição, que varia de R$ 65 a R$ 100. De acordo com Ana Paula, os caminhos mais tradicionais são os realizados na Colônia Witmarsum (Ponta Grossa), na Ilha do Mel e no Caminho das Hortências (Santa Catarina).

Ela ainda garante que as caminhadas acontecem todos os meses, sem cancelamentos, mesmo que esteja chovendo. “Costumo dizer que “se chover, vai molhar, porque nós vamos caminhar”, afirma. A próxima caminhada acontece no dia 9 de junho, em Ponta Grossa. “Desta vez, o trajeto será mais curto, de apenas sete quilômetros, porque vamos almoçar nas proximidades do Mosteiro da Ressurreição para assistir ao canto gregoriano dos monges ao meio-dia”, comenta. Normalmente, os percursos dos Curitigrinos têm entre 12 e 15 quilômetros.

Para dar tempo de fazer a caminhada antes da apresentação dos monges, o grupo sai de Curitiba às 7 horas, partindo do Parque Barigui. Mas Ana Paula faz questão de destacar que o grupo não tem caráter religioso. “Posso dizer que a gente apóia as manifestações religiosas, mas o grupo não é necessariamente católico só porque tem interesse no Caminho de Santiago. Eu mesma vi muitos muçulmanos quando fiz o Caminho”, esclarece. Ou seja, o Curitigrinos está aberto a todos que se interessem por esse tipo de atividade. Para mais informações, acesse www.curitigrinos.com.br.

Mulheres que caminham

Cada mulher que participa do Curitigrinos defende o poder das caminhadas de uma forma diferente. A dona de casa Maria Emília Moraes Pereira, 59, costuma participar das caminhadas com a família (marido, filha, filho e nora). Ela descobriu o grupo há cerca de dois anos, quando estava se preparando para fazer o Caminho de Santiago. Agora, as caminhadas servem para relembrar os momentos que passou lá. “O Caminho é viciante. Quando você faz a primeira vez, já pensa em voltar. Com as caminhadas, podemos resgatar essa experiência única, que foi muito marcante nas nossas vidas, além de percebermos como a vida é simples”, conta.

O interesse pelo Caminho de Santiago também foi o motivo que fez com que a fonoaudióloga Josélia Duarte Ribas, 57, descobrisse o grupo, há uns quatro anos. “Sempre quis fazer o Caminho para pagar uma promessa, mas só realizei esse desejo ano passado. Enquanto iss,o, as caminhadas serviram para eu me preparar melhor”, conta. Ela não conta qual graça foi alcançada com a realização, mas garante que as próprias caminhadas aqui em Curitiba e região são boas “para o corpo e para a alma”. “Por meio das caminhadas, aumentei e diversifiquei meu grupo de amigos e os exercícios ainda fazem bem para a minha saúde, pois tenho problemas na coluna, joelhos e pés”, garante. O marido é seu companheiro em todas as atividades.

Já a também fonoaudióloga Márcia Loss de Carvalho, 49, não conheceu o Curitigrinos pelo interesse no Caminho de Santiago, mas sim por insistência da amiga Josélia. “Naquela época, há três anos, estava separada já há algum tempo e sempre ficava só em frente à televisão nos domingos, até que ela me apresentou o grupo e me convidou para as caminhadas. Como sempre gostei de esportes, ainda mais ao ar livre, topei na hora e continuo até hoje”, lembra. Para ela, as caminhadas mensais trouxeram ainda mais um benefício: foi em uma delas que Márcia conheceu o atual namorado. “Estamos caminhando juntos em todos os sentidos há dois anos já”.

Arquivo Pessoal
Ana Paula em frente à Catedral de Santiago de Compostela.
Arquivo Pessoal
As amigas Márcia e Josélia com o grupo.
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