Depois de um ano inteiro sem tomar muito sol (ainda mais aqui em Curitiba, uma das cidades que teve um dos menores índices de dias ensolarados em 2013), tudo que a gente quer, quando chega o verão, é aproveitar essa época de calor, principalmente na praia ou na piscina para refrescar. Tudo isso faz muito bem para a saúde (física e mental), mas como sempre existe um porém para as coisas boas da vida, alguns cuidados devem ser tomados para que esse momento de diversão e lazer não se torne um incômodo depois. Muitos deles já estão bastante disseminados, como as precauções em relação à exposição solar, mas existem alguns que são esquecidos muitas vezes. Entre eles, estão os cuidados para evitar a candidíase.
Infecção genital comum nas mulheres (especialistas afirmam que 100% do sexo feminino vai ter esse problema pelo menos uma vez na vida), a candidíase aparece com ainda mais frequência no verão devido a pelo menos dois fatores desencadeantes: o calor e a umidade. “A vagina é uma cavidade contaminada por natureza, apresentando vários tipos de fungos que se alimentam das nossas secreções e, ao mesmo tempo, trabalham para manter o pH vaginal em índices normais (em torno de 5 a 7), como a Candida. Quando o pH é modificado por algum motivo, esses organismos, que vivem num equilíbrio nesse pH normal, tendem a se desenvolver mais, causando alguns sintomas desconfortáveis”, explica a médica ginecologista do Hospital Maternidade Santa Brígida Mariane Corbetta.
De acordo com ela, esse fungo se desenvolve mais quando o pH vaginal se torna mais ácido, o que deixa a mucosa da vagina mais seca, mais rugosa e mais sensível. Além disso, o desequilíbrio e o desenvolvimento excessivo da Candida produzem outros sintomas bastante desconfortáveis. “Os principais são coceira, ardência, dor na relação sexual e, às vezes, dificuldade para fazer xixi, o que causa um incômodo bem grande”, explica a médica ginecologista do Hospital Vita Fernanda Villar Fonseca. Também pode haver produção de secreção esbranquiçada e líquida, que pode mudar de cor conforme a gravidade da infecção, segundo Mariane. Calor e umidade são os principais fatores que propiciam o desenvolvimento do fungo, mas isso pode acontecer com a baixa imunidade ou alimentação irregular também.
Prevenção
Em relação ao calor e à umidade, elementos típicos do verão, Mariane dá algumas orientações para prevenir o aparecimento da candidíase. “Nesta época do ano, há uma alteração das condições corporais devido ao aumento das temperaturas e isso faz com que a cavidade vaginal funcione quase como uma estufa, o que piora ainda mais com a exposição à agua do mar, por exemplo. Por isso, é preciso tomar cuidado com os hábitos e as roupas que utilizamos nesse período, evitando ficar com o biquíni molhado ou usar roupas de materiais sintéticos, que abafam ainda mais o calor”, comenta.
Desta forma, ela cita como meios de prevenção a utilização de roupas adequadas (leves, de algodão, que possibilitem uma melhor respiração do organismo), a utilização de produtos neutros para higiene íntima (Mariane sugere sabonetes de bebê ou o de glicerina da marca Granado) e cuidado com a alimentação (menos açúcar, menos estimulantes – café, chás e outros alimentos com cafeína -, menos aditivos químicos e muito líquido). “Ainda em relação ao biquíni, é preciso ter um cuidado muito grande com a limpeza dele. É importante lavá-lo toda vez que entrar no mar ou na piscina, utilizando produtos neutros também e evitando a utilização de produtos químicos, inc,lusive o amaciante, e depois, deixar para secar bem”.
A infecção não é considerada uma doença sexualmente transmissível (apesar de poder ser passada desta forma) e não leva a doenças mais graves, como o câncer. Mesmo assim, Fernanda reforça a necessidade de prevenção. “Pelo menos uma vez na vida, a mulher vai ter esse tipo de infecção, não tem como escapar, mas não se pode deixar que ela seja frequente. Se a mulher permitir, a candidíase vai incomodar sempre, mas com hábitos saudáveis de vida e de higiene, é possível controlar ela”, completa. Caso os sintomas apareçam mesmo assim, Mariane sugere que a mulher utilize produtos antissépticos leves, como Vagisil, em um primeiro momento, principalmente se ela estiver em um local em que o acesso ao médico é mais difícil, como na praia. “Mas, se persistirem, é sempre aconselhável procurar orientação médica para fazer um tratamento adequado, que será feito com antifúngico tópico ou via oral, prescrito pelo profissional de saúde”, afirma.