Por meio de seu advogado, Andrea Buondonno, a brasileira Iris Berardi negou que tenha mantido “relações íntimas” com o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, como apontam as investigações do processo “Ruby Ter“, em que ele pode responder por corrupção contra o sistema judiciário e falso testemunho.
Durante o inquérito, a Procuradoria de Milão descobriu um suposto diário pessoal em que Berardi relataria como eram as orgias em Arcore, uma das mansões do ex-premier. No entanto, ela alega que o documento é na verdade o rascunho de um livro.
“Leio em uma agência sobre um manuscrito tomado como um relato autobiográfico. Querem fazê-lo passar por diário, mas não é um diário! São os rascunhos de um livro de aventuras, de amor e de sexo que eu queria escrever. No caderno, eu escrevi, entre outras coisas, ‘não sei se esse livro será publicado algum dia'”, diz uma nota divulgada pelo advogado da brasileira.
Segundo ela, ninguém de boa fé pode atribuir-lhe as experiências vividas pela “protagonista” de sua suposta obra. “Nunca vi em Arcore coisas obscenas ou orgias, e nem tive relações íntimas com Berlusconi”, acrescenta.
Em seu caderno, Berardi conta sobre festas onde nunca faltavam nada, “drogas, álcool, cigarros, sexo”. Além disso, ela descreve explicitamente e em detalhes uma relação sexual com o ex-primeiro-ministro. De acordo com a Procuradoria, a brasileira participou das noitadas – conhecidas na Itália como “bunga-bunga” – quando ainda era menor de idade.
No diário, que é escrito em uma linguagem bastante vulgar (uma das páginas é intitulada como “bunga-bunga hot party”), Berardi também relata como, em uma noite de 2007, substituiu uma mulher chamada Valentina em um grupo de 20 “dançarinas brasileiras”.
Além disso, ela conta que as garotas eram preparadas para o pior e alertadas para não se escandalizarem com “cenas obscenas”.
O caso
O polêmico ex-ministro Silvio Berlusconi, adepeto de festas homéricas envolvendo mulheres. As suspeitas é que algumas eram até menores de idade. |
A investigação “Ruby Ter” apura suspeitas de corrupção em atos judiciários durante o processo “Ruby”, no qual o ex-premier foiabsolvido dos crimes de prostituição de menores e abuso de poder.
Segundo a Procuradoria, Berlusconi teria pago para manter 21 mulheres em silêncio nas audiências, incluindo Berardi e a própria Ruby, nome de trabalho da ex-acompanhante marroquina Karima el Mahroug.
O inquérito aponta que, entre 2010 e 2014, o ex-primeiro-ministro desembolsou mais de 10 milhões de euros para subornar as garotas.