Queridinha de famosas como Fátima Bernardes, Eliana, Ana Maria Braga e Angélica e de uma grande quantidade de pessoas que quer parecer mais jovem, a toxina botulínica é uma substância muito usada para fins estéticos, para tratar rugas e linhas de expressão faciais. Mas não é só isso. Considerada versátil pelos médicos, esta toxina “quase que milagrosa” também é utilizada em outras áreas da medicina, como tratamento principal ou auxiliar para algumas doenças.
A toxina botulínica ou botox, nome comercial pelo qual é mais conhecida, é produzida por uma bactéria, a Clostridium botulinum, a mesma que pode provocar o botulismo, uma doença rara e que pode levar à morte. No entanto, nos seres humanos, a toxina utilizada não oferece riscos, pois é purificada e tem suas doses controladas. Descoberta no fim da década de 1960 por um médico oftalmologista americano, a toxina botulínica era estudada para ser empregada incialmente em casos de estrabismo, uma doença ocular.
No fim dos anos 1970, os testes em humanos foram aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA), o órgão americano que regulamenta os setores de alimentos, cosméticos e medicamentos, e, nesta pesquisa, foi descoberto o efeito que a tornaria um grande sucesso mundial: a toxina botulínica é capaz de paralisar os músculos, condição temporária que, na face, ameniza ou evita formação das rugas. No Brasil, ela foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 1992, para uso médico e aplicações cosméticas.
E, de lá para cá, o botox caiu no gosto dos brasileiros, que, com ele, conseguiram efeitos de fazer inveja à fonte da juventude. Para a dermatologista Annia Cordeiro Lourenço, diretora da Clínica da Pele Annia Lourenço, isto acontece porque ele trata rugas nas regiões clássicas que costumam incomodar as pessoas: os pés de galinha, as rugas entre as sobrancelhas e as marcas na testa. Além destas, também são alvos do botox os olhos caídos (com correção das sobrancelhas), o pescoço (papo de peru), sorriso gengival e casos de correções de simetria em pacientes com paralisia facial.
Entre os pacientes, as mulheres são as que mais recorrem ao botox. E, para que elas consigam os resultados almejados, a médica explica que a aplicação deve ser feita por um médico experiente, da forma correta. “Cada caso é único, avaliamos a pessoa individualmente. Não aplicamos o botox nas rugas e sim nos músculos. Desta maneira, o médico deve saber como aplicá-lo, pois cada ponto oferece um efeito no rosto”, considera Annia.
A indicação, segundo a dermatologista, é aplicar a substância quando a pele da pessoa fica marcada quando ela relaxa, quando ela “solta a expressão”, e isto pode acontecer aos 20, 30 ou aos 40 anos, dependendo de cada pessoa. “Quando há indicação médica, não há restrição com relação à idade dos pacientes. A contraindicação é apenas para quem têm doenças neuromusculares. Mas é uma besteira aplicar o botox se a pessoa não tiver nenhum sinal, antes de ela ter uma ruga”, diz Annia.
Segundo os médicos, uma aplicação de botox pode durar em média seis meses, mas, em alguns casos, os efeitos podem sumir antes, em dois meses, ou se estender por até um ano. E, se os resultados finais, que aparecem cerca de depois de 15 dias após a aplicação, forem indesejados, não é necessário se desesperar, pois a aplicação pode ser retocada, para compensar a simetria do rosto onde houve excessos, ou então, a pessoa aguarda alguns meses até que o botox perca o efeito nos músculos.
Botox deve ser aplicado apenas quando o paciente já apresenta sinais no rosto, como explica Annia. (Foto: Giuliano Gomes. |
Além da beleza
Mas n&ati,lde;o é só no tratamento das rugas que o botox é eficaz. Na medicina, ele também é utilizado em pessoas que sofrem com outras doenças. A dermatologista do Hospital Marcelino Champagnat Laila de Laguiche esclarece que a toxina botulínica começou a ser utilizada na oftalmologia, na ortopedia e na gastroenterologia, antes de ser largamente usada pela dermatologia.
“Na gastroenterologia, ela é utilizada com sucesso no tratamento da hérnia de hiato e na oftalmologia para casos de estrabismo. Na ortopedia, uma de suas indicações é para pacientes como as crianças que possuem paralisia cerebral, com o botox elas conseguem um relaxamento dos músculos, o que facilita a movimentação dos seus membros por outras pessoas, o que facilita suas vidas, incluindo uma melhora na forma como é realizada a higiene pessoal”. Também são beneficiados com o botox os pacientes com enxaqueca e também com hiperidrose (suor excessivo) nas mãos, pés e axilas, como já mostramos aqui no TDelas.