Barbearias ressurgem para dar um trato na beleza masculina

Muito antes de se tornar comum o ambiente de salão, cheio de mulheres falando alto e rindo enquanto cuidam da beleza, já existiam as barbearias. Lá, os homens também têm liberdade para falar o que quiserem, reencontrar os amigos e ver uma boa partida de futebol, ao mesmo tempo em que “dão um trato” no cabelo e na barba. Esquecidas durante anos, elas voltaram a ganhar força recentemente, mas com um visual completamente diferente, mais parecido com centros de estética.

E a busca dos homens por estes serviços está intimamente ligada às mulheres: a maioria deles cuida da aparência, muito além da barba e do cabelo, para agradá-las. Em pouco tempo, criam esse novo hábito e espalham entre os amigos, principalmente se puderem ir a um local exclusivo para eles, onde tenham essa liberdade. Antes de abrir a Barbearia Clube, Meire Ferreira Pinto fez uma pesquisa de quase dois anos para descobrir o que os homens gostam e do que eles precisam.

Ela descobriu que eles não gostavam do ambiente feminino dos salões, únicos locais que prestavam serviços de estética até então. Sabendo disso, ela criou um ambiente exclusivamente masculino, onde os homens, finalmente, podem sentir-se confortáveis, sem vergonha de marcar horário para tirar os pelos e fazer uma faxina na pele – nestes termos mesmo porque, na Barbearia dela, ninguém fala em depilação e limpeza de pele. Esse palavreado ajudou a “quebrar o gelo”.

Aliocha Mauricio
Wanderléia acompanha João na clínica de estética.

Quem marca os horários, entretanto, muitas vezes são as mulheres. Cansadas daqueles pelos nas costas do marido ou das unhas de “jardineiro” do namorado, elas marcam o horário e pagam, pois, assim, eles não têm como fugir. Algumas chegam até a ir ao local, carregando os maridos ou fiscalizando o ambiente. Depois de ver a diferença agradável no corpo e o sorriso no rosto da mulher amada, eles voltam sozinhos.

A depiladora e manicure Elizabeth dos Santos Silvestre conta que muitos clientes pagam por serviços de estética para surpreender suas mulheres. Mas não é este o único motivo do interesse. “Uma vez atendi uma ligação de uma senhora pedindo para marcar drenagem linfática para o marido porque ele tinha bebido muito e ficou inchado”, ri. O barbeiro Wanderley Nunes confirma que a maioria dos clientes é trazida pelas mulheres. “Eles chegam para fazer cabelo e barba, mas veem outros clientes e amigos fazendo outros serviços, perguntam como é e sentem-se mais seguros para fazer também”.

A esteticista Amanda Freitas Lima, que faz a faxina na pele dos homens na Barbearia Clube, conta que é apaixonada pelo trabalho. Para ela, isso não é frescura, pois a pele dos homens é mais espessa e tem os poros mais dilatados, acumulando mais sujeira. “Muitos chegam aqui ogros mesmo. É muito bom ver nosso trabalho ao final. Eles gostam e sempre voltam”, comemora.

Tratamento em casal

Outros homens procuram os serviços preocupados com o trabalho. Um executivo, um profissional de televisão ou um homem público precisam estar sempre apresentáveis e as unhas fazem parte deste visual, bem como aqueles pelos aparentes no nariz e na orelha. De acordo com Meire, o serviço de manicure está em terceiro lugar entre os mais procurados.

O mestre de cerimônias João Maria da Silva, 46 anos, é um desses homens que pagam por serviços de estética pela necessidade relacionada ao trabalho. Preocupado com a aparência desde que trabalhava com hotelaria, ele faz limpeza de pele e um tratamento de rejuvenescimento facial com a esposa Wanderléia, que tem a mesma idade. Eles descobriram a clínica Siluets passando na f,rente do local e se interessaram pela relação de serviços prestados.

A empresa atende homens e mulheres da mesma forma, em um ambiente neutro. Lá, os homens procuram mais a massagem relaxante, fotodepilação e limpeza de pele. “A gente veio da roça, sempre teve essa necessidade de ter cuidado com a pele. Agora que temos uma empresa de buffet, decoração e cerimonial para casamentos e festas, temos que estar na linha”, brinca João. Eles já estão no meio do tratamento e estão contentes com a melhora na aparência.

João garante que recebeu críticas da família, mas não se importou. “Sempre tem um olhar atravessado, mas, na minha opinião, eu me arrumo pra minha esposa. O resto é resto”, afirma. Wanderléia fica feliz de ver a dedicação do marido e gosta de estar ao lado de um homem que se preocupa com a aparência. “A gente sempre quer ver o marido bonitão. Estou gostando de ver ele se esforçando tanto. Os homens são machistas, então, quando fazem um pouco do que a gente quer, é uma prova de amor”.

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