Passar em um concurso público e conquistar um emprego que garanta segurança, em que as chances de perder o cargo ou ser demitido são mínimas, é o sonho de muitos brasileiros. Após muito estudo e dedicação, parte das pessoas que se inscrevem nestes concursos obtém êxito, consegue passar pelas provas e ingressa no setor público. Mas, a partir daí, como estes servidores conduzem suas carreiras? Mesmo tendo estabilidade profissional, eles devem seguir se especializando ou será que se acomodar em seus cargos pode ser uma alternativa?
Para a coach Adriana Ferrareto, a estabilidade profissional, ainda que positiva, é somente um dos aspectos da carreira de um servidor público. Mas, além deste benefício, o trabalhador também deve ter objetivos profissionais. “Este profissional precisa traçar um horizonte, apoiado em seus pontos fortes, para saber aonde quer chegar, quais são seus talentos e como atuar. Assim, continuando a estudar e a se aperfeiçoar, ele pode progredir, crescendo de forma lateral ou vertical onde atua, dependendo do que almeja para si”.
De acordo com a coach, a estabilidade deve ser algo a favor do servidor, como um fator motivador. “Sabendo que o salário mensal está garantido, ele pode se programar, para fazer cursos ou outros investimentos em sua carreira. Para fugir um pouco da rigidez de um ambiente burocrático, estes profissionais podem buscar inspiração e novas ideias em cursos alternativos, como de redação criativa ou inovação. Eles deixam a pessoa mais leve e estimulam a criatividade”.
E, antes de prestar um concurso, Adriana sugere que o profissional pense sobre como será sua vida e sua rotina de trabalho caso seja aprovado. “Às vezes, a pessoa tem competência para comunicação e passa para a função de fiscal, por exemplo. Acredito que, antes de olhar só para os benefícios oferecidos pelo cargo, o candidato deve pensar se utilizará seus talentos, se terá autonomia para expor suas ideias e colocar projetos em prática, se haverá espaço para criar”.
Para quem tem dúvidas, a coach recomenda avaliar qual será o preço pago pela segurança e estabilidade. “Quanto esta escolha irá lhe custar? Para quem passou em um concurso e não está feliz, sugiro esta reflexão e, quem sabe, até uma mudança de planos, se a pessoa descobrir que não encontrará neste emprego a satisfação que realmente procura”, orienta Adriana.
Cuidando do que é de todos
Há 25 anos no serviço público, a pedagoga da Prefeitura Municipal de Curitiba Mercedes Cecilia Frehse diz que seu dia a dia é repleto de desafios e que procura trabalhar sempre com bom humor, aceitando as diferenças de opiniões e buscando um ambiente saudável e produtivo. “Trabalhamos em equipe, proporcionando a troca de ideias e soluções, o que favorece nosso crescimento pessoal e profissional”.
Para ela, trabalhar no setor público tem suas vantagens e também seus desafios. “As maiores vantagens são a estabilidade, o plano de cargos e salários adequados à carreira e ao mercado de trabalho, além dos planos de saúde e de previdência próprios. Já a maior dificuldade é a de ambientação em função da alternância política”.
Para não se acomodar e crescer profissionalmente, ela conta que participa de programas de desenvolvimentos continuados, o que inclui palestras, debates, semana pedagógica, cursos de aperfeiçoamento e programas culturais. “O principal diferencial do servidor público para o emprego privado é que, no serviço público, temos a oportunidade de servir à comunidade, nosso desafio é cuidar do que é de todos nós”.
Questão de escolha
O diretor jurídico da Consultoria Negócios Públicos Rogério Corrêa explica que a acomodaç&at,ilde;o profissional é uma escolha, depende da pessoa, e que ela pode ocorrer tanto com profissionais que atuam no setor público quanto no setor privado. “Ambos podem prejudicar-se em seu sucesso profissional ao manter esse comportamento estático e sossegado e os reflexos nunca são positivos. A vida é cheia de constantes mudanças, por isso, muitos destes profissionais ‘desatualizados’ acabam sendo pegos de surpresa, tendo de correr atrás do tempo e do conhecimento perdido”.
Para serem mais produtivos e eficazes, ele recomenda que os profissionais não fiquem parados. “Isso vale também para os profissionais da área privada, que devem estar em contínua atualização, acompanhando as mudanças de seus mercados, para manterem-se em destaque, competitivos e saudáveis”. Segundo Corrêa, também é necessário ter foco, atitude, buscar novos conhecimentos e desenvolver continuamente as habilidades e competências adquiridas. “Ter uma boa rede de contatos, com networking saudável e colaborativo é especialmente importante, pois a solução de alguns problemas nem sempre depende do próprio ‘saber’, mas do ‘saber quem sabe’”.
