Zé Roberto era uma dor de cabeça para técnicos disciplinadores. Mas aqueles que toleravam a vida boêmia do atacante conseguiam aproveitar o seu bom futebol. E talvez ninguém mais soube fazer isto que Elba de Pádua Lima, o Tim. “Tim foi o melhor técnico que eu conheci”, retribui ainda hoje o atacante ao falar do velho treinador. É conhecida a história de um jogo contra o Flamengo no dia 25 de fevereiro de 1973 no Maracanã, um domingo, pelo Torneio do Povo, em que Zé Roberto não jogava nada. Andava em campo. O grande nome da partida até aquele momento era o goleiro Jairo, do Coritiba, que pegava tudo e evitava a derrota. O diretor de futebol do time do Alto da Glória, Luiz Afonso Alves de Camargo, pedia a toda momento para o Tim tirar o atacante. Tim não dava ouvidos ao diretor e ficava observando a partida.
Aos 28 minutos do segundo tempo, Reinaldinho, que substituiu Sérgio Roberto, cruzou na cabeça de Zé Roberto que fez o gol da vitória. Tim virou para o diretor de futebol e disse: “Você não entende de futebol. Craque a gente não tira do jogo. Craque a gente deixa em campo”. O diretor Luiz Afonso de Camargo não disse nada. Ainda hoje, Zé Roberto compartilha a mesma filosofia. E para ele, bom técnico é aquele que valoriza o craque, não fica berrando feito louco na beira do gramado e principalmente sabe montar e organizar o time: “O bom técnico ganha o jogo no vestiário”, diz ele. “Hoje em dia eu vejo técnico ficar berrando na área técnica. Pode berrar à vontade que não adianta”, diz ele, repetindo a mesma teoria do Zé Roberto da juventude.
E o argumento do velho jogador é simples: “Primeiro que dentro do campo o jogador não ouve. Segundo, porque ele tem que ficar concentrado no jogo. Por isso eu digo que a coisa se resolve no vestiário”. E como exemplo ele cita Tim: “Ele, como treinador, não levantava do banco de reservas para ficar na área técnica. Em compensação, em vinte minutos no vestiário ele arrumava o time”, diz ele. Em seguida acrescenta que ele teve êxito onde encontrou bons técnicos: “Eu agradeço a Deus que tive a grande sorte de só ter treinador bom”.
Embora coloque Tim como o melhor técnico que conheceu, Zé Roberto relaciona outros com quem trabalhou. É tudo técnico de ponta: “Eu fui treinado por Aymoré Moreira, pelo Zezé Moreira, que era irmão do Aymoré. Fui treinado no Coritiba pelo Dino Sani, Sylvio Pirillo e pelo Tim. No São Paulo fui treinado pelo Osvaldo Brandão, Gim Lopes e Poy. Na seleção fui treinado pelo Feola, na Francana pelo Bauer e no Atlético pelo Lanzoninho”, diz.
Tiroteio
Acusado de frequentar a noite quando atuava pelo Atlético, Zé Roberto rebateu com tudo em entrevista à revista Placar em 1971: “Falaram que eu ia a boates, não é? Pois os diretores do Atlético iam junto comigo”.