Há uma versão sobre a vinda da legião paraguaia citada por Antônio Padilha em seu livro sobre Felix Lezcano que é a seguinte: o grupo de jogadores foi convidado para vir ao Brasil pelo dono de um parque de diversões, um brasileiro chamado Antônio Ferreira, que estava em Ypacarai, no Paraguai, observando uma partida de futebol quando ele se impressionou com a habilidade de Felix Lezcano e seus amigos. Era uma partida entre ex-jogadores profissionais.
Ferreira conhecia em suas andanças uns sujeitos de Paranavaí, cujo time ia enfrentar no dia 13 de abril de 1956 o São Paulo Futebol Clube, num jogo amistoso. Mas o time local precisava de reforços para não levar bucha. Ferreira convidou o baixinho que se chamava Felix Lezcano e seus amigos para jogar reforçar o time de Paranavaí, com direito a cachê, diárias, passagens e hospedagens. O grupo foi de ônibus para Foz do Iguaçu e de lá também de ônibus para Maringá, de onde foi para Paranavaí. Tiveram tempo de fazer um treino na quarta-feira e coletivo na sexta-feira. O técnico era Joani Steci, que botou os sete paraguaios no time titular. O São Paulo ganhou de 2×1, Lescano fez o gol dos vermelhinhos de Paranavaí.
Assim que terminou a partida, enquanto todo mundo elogiava o futebol dos paraguaios, Caetano Soares e Antonio Franzolim, dois diretores do Mandaguari Esporte Clube, foram mais espertos e se anteciparam, entraram no campo e conversaram com Antônio Ferreira, o responsável pela vinda dos jogadores. Os dois diretores fizeram uma oferta considerada irrecusável. E acertaram três deles – Lezcano, Sosa e Escobar. Na sequência, vieram Rubens Gimenes, Brum, Colman, Malgarejo e Chulipa. Para facilitar o negócio, os diretores do MEC ofereceram espaço privilegiado em Mandaguari para Ferreira instalar o seu parque de diversões.
No entanto, não há registros desta partida entre Paranavaí e São Paulo, inclusive na pagina da internet dedicada às sumulas de todos os jogos do tricolor paulista. O que é certo neste relato é que os jogadores paraguaios foram parar no Mandaguari em 1956 e que a contratação dos paraguaios causou curiosidade nos outros times da região que disputavam o Campeonato Paranaense. No entanto, o Mandaguari teve que se livrar de mais da metade de sua legião paraguaia, porque em 1957, a Federação Paranaense de Futebol limitou em três jogadores o número de estrangeiros por equipe. Lescano, Sosa e Colman ficaram no Mandaguari. Gimenes foi para Londrina, Chulipa virou cacheiro viajante, enquanto Escobar, Brum e Malgarejo voltaram para Assunção.
Mas, com este time, o Mandaguari passou a se destacar no futebol do Norte do Estado. Foi vice-campeão em 1957 e campeão da temporada de 1960.
O dono do parque de diversões, Antônio Ferreira, acabou ficando amigo do promotor da cidade, João Paulino Vieira Filho, que gostava de futebol e era um dos diretores do Mandaguari Esporte Clube. Ferreira era gentil com Paulino que começou a desconfiar de tanta gentileza. Até que descobriu o motivo: por baixo da aparência de um próspero parque de diversões, Ferreira mantinha jogos proibidos no parque. Apesar disso, de acordo com a lenda, Paulino fez de conta que não sabia de nada. Tudo por amor ao futebol, claro.
Mudança
Em 1952, Lezcano jogou partidas amistosas pelo Millionários – ao lado de Di Stéfano e Heleno de Freitas. O Lezcano brasileiro nasceu poucos meses depois de o primeiro pendurar as chuteiras, em 1955.
