Craque que fez parte da história do futebol paranaense, Tião Abatiá conta como foi o início de sua carreira, confira.

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“Eu nasci no dia 20 de janeiro de 1945 em Abatiá e comecei a jogar futebol no Colégio Cristo Rei em Jacarezinho, que era um colégio interno grande, com 250 meninos. E tinha equipes mirim, infantil e juvenil. E havia campeonatos internos. Eu entrei neste colégio em agosto de 1958 e saí em dezembro de 1963, quando terminei o ginásio. Mas os campeonatos eram muito organizados e nós jogávamos em outras cidades também. Poucos times de base de hoje em dia têm a estrutura que nós tínhamos no Cristo Rei. Para você ter uma ideia, nós tínhamos dez jogos de camisas, meias, agasalhos, era tudo muito organizado. E como tinha garotos de todas as cidades vizinhas, o time do colégio era bom, as pessoas sabiam que eu jogava lá. E assim, quando eu terminei os estudos, alguns amigos de Cambará me chamaram para estudar lá. Eu fui para Cambará, pensando em estudar, mas também querendo jogar futebol”.

“Com 20 anos, eu cheguei em Cambará, em 1965. Mas eu fui fazer testes no União Bandeirante, que tinha formado um time no ano anterior. Eu ia de jipe para Bandeirantes treinar. E o esquema funcionava assim: todo mundo treinava, ninguém falava nada e sábado a gente tinha que ir lá ver se foi relacionado para os jogos, que eram amistosos. Eu ficava empolgado e ia com uma vontade danada de ver meu nome na lista e nunca encontrava. Nunca fui relacionado para nenhum jogo. E aí passaram dois meses. Eu treinava e nada. A gente se matava de treinar no meio de um canavial danado. Então, o Clube Atlético Cambará tinha vendido o seu centroavante Benê, se não me engano para o Bonsucesso do Rio de Janeiro, e estava precisando de um centroavante. E me pediu para fazer testes”, conta Tião Abatiá sobre o início de carreira.

“Eu respondi que teste eu não faria. Se quisesse contar comigo era sem testes. Eles aceitaram, porque tinha um jogo num domingo de fevereiro contra o Tupã. Eu me lembro que na manhã do domingo do dia do jogo eu fui na casa do goleiro que era o Airton Gozzo, almocei lá e depois fomos juntos para o estádio do Cambará. Fui para o vestiário. O resto do time começou a fazer massagens, aquele negócio todo e eu disse que não queria aquilo não. Não precisava de massagens. O técnico era o Clóvis, que foi um quarto-zagueiro que jogou no Fluminense. Ele começou a distribuir as camisas e eu só fiquei olhando. Aí ele pegou a camisa número 9 e me deu. Quando eu entrei em campo foi uma emoção danada. Era a primeira vez que eu entrava em campo como jogador profissional. E tinha torcida, radialista transmitindo o jogo, aquele negócio de futebol profissional”, relembra ele ainda hoje com emoção.

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Tiãozinho

“O meu nome é Sebastião Ferri. Mas era Tiãozinho nos tempos de Colégio e até no time de Cambará. Mas quando eu cheguei em Bandeirantes, para jogar no União, tinha um volante forte chamado Tião Macalé. E para diferenciar um Tião de outro passaram a me chamar Tião Abatía, por causa do nome de minha cidade. E este ficou sendo meu nome no futebol. E depois disso para o resto da vida”.

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Aquele ataque

“Às vezes eu encontro o pessoal na rua que me pergunta: você lembra aquele ataque do União. Eu falo e ele ouvem atentos: Nondas, Paquito, Tião Abatiá e Russinho. Era um ataque muito bom. O nosso time era bom, tanto que entre 1966 e 1971, fizemos o artilheiro do campeonato três vezes: o Paquito em 66 e 69 e eu em 71. Sem contar que o União foi vice-campeão três vezes no período em que eu e o Paquito jogamos lá (1966, 1969 e 1971)”.

Serafim

“Esse negócio de o Serafim Meneghel ter atirado numa bola ou sair dando tiros para o ar era puro folclore. Ele era folclórico, fazia tudo para agitar. Tinha aquele jeitão dele. Agora, qu,e ele usava chapéu e entrava em campo de revólver na cinta, ele entrava. Mas não usava. Eu nunca o vi dar um tiro. Agora, que em Bandeirantes havia pressão, havia mesmo. Os caras assustavam mesmo.