“Foi a minha primeira partida como profissional. E aconteceu o seguinte: nós ganhamos o jogo de 1×0, eu marquei o gol e depois do jogo os diretores do Cambará disseram ali mesmo no vestiário que queriam me contratar. Aí eu queria saber onde é que eu ia ficar. O presidente disse que eu ia ficar no alojamento. Eu fiquei tranquilo porque eu fiquei no internato e aquilo era uma beleza, tinha tudo”, diz ele.
“Eu fui para Abatiá, peguei a minha mala e voltei para Cambará, para jogar futebol e estudar. Aí fui conhecer o tal alojamento. Quando eu cheguei, me levaram para um canto da cidade onde tinha uma casinha de madeira sem forro e com uns bigatos no teto. Chegou de noite, quando foi oito horas, acostumado com as normas de internato eu fui dormir. Eu estou dormindo e lá por uma hora da madrugada, o pessoal armou a maior batucada, rolou bebida e eu pensei que daquele jeito não ia ser uma coisa boa ficar ali”, recorda.
“Fui falar com o presidente do Cambará e ele me arrumou o melhor hotel da cidade, o Hotel Central. Aí foi uma maravilha. Tinha uma vida de rei. Em campo, minha primeira partida oficial foi justamente contra o União, em Bandeirantes. O Cambará ganhou de 2×1, eu marquei um gol. O pessoal do União ficou bravo comigo: disse que eu desapareci e fui para o Cambará. Eu respondi que estava treinando, mas ninguém me relacionava para o jogo e fui atrás de um lugar para jogar”, diz Tião Abatiá. “Quando o campeonato terminou, o Serafim Meneghel disse que queria me levar para o União, e eu fui”. E foi assim que começou a nascer a lenda viva chamada Tião Abatiá.
O Norte era forte
“Naqueles tempos o futebol do Norte do Paraná era muito bom. Dava gosto jogar contra o Grêmio e contra o Londrina.“