As atenções dos curitibanos daqueles dias não se voltavam apenas para a partida inicial da Copa do Mundo. Outras coisas aconteciam na cidade, no Estado e no País, e repercutiam nas ruas, porque saíam nas páginas dos jornais. Um destes casos foi o do tarado nazista de Ponta Grossa. “Ex-chefe de um campo de concentração nazista foi localizado em nosso Estado”, dizia o título de reportagem em O Dia. Com um subtítulo esclarecedor: “O degenerado continua a sua sinistra vida”.

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E a matéria acrescentava: “Esse homem viera ao Brasil como imigrante, como deslocado de guerra e após longa estadia no Rio, cremos, passou para Ponta Grossa onde pouco tempo depois começou a demonstrar os seus baixos instintos ao perseguir indefesas jovens, alunas de escolas locais, com sinistros e escabrosos propósitos. Chama-se o tarado Demetrio Reutzepy e foi chefe de um campo de concentração nazista como dissemos. Tarado, deshumano, Demétrio que é de nacionalidade grega, não compreendeu ou fingiu não compreender a hospitalidade de nosso povo”.

Teve também o caso do leão que devorou o garoto José, de 4 anos, filho de Efigênio Gomes da Silva. O garoto se desgrudou da mãe e do pai na madrugada do dia 19, em Piraí do Sul, após o espetáculo no Circo London e o leão Petrônio, que abocanhou o ombro do menino, que só teve tempo de dizer: “Papai, o bicho me mordeu”. O garoto foi levado para o hospital. “Apesar dos esforços do Dr. Antonio Vilela de Andrade, médico HPS, o pobre menino faleceu”.

A cena política também andou agitada. “Guaraqueçaba, ninho de falcatruas e avanços”, dizia uma manchete um tanto ambígua. Para, em seguida, apontar as principais denúncias: “Teria um deputado levado dinheiro do município – 186 mil cruzeiros por uma picada de Ararapira – onde fazem casas com recursos dos cofres públicos”. Bagunça no porto de Paranaguá com draga? Aquele tempo já tinha: “Quartorze milhões de cruzeiros custará aos cofres públicos a aventura da draga San Pablo”. A matéria se referia ao contrato de arrendamento da draga junto a seus proprietários.

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