É fato que Sicupira marcou gols antológicos pelo Atlético. Mas pelos outros clubes em que atuou, o camisa 8 também fez história. O que ele considera o mais bonito de sua carreira aconteceu em 7 de setembro de 1963. “Foi contra o Primavera. Me lembro até hoje. Eu peguei a bola, dei um chapéu no primeiro zagueiro. Veio outro, levou outro chapéu. O terceiro jogador apareceu e também levou um chapéu. Peguei no outro lado. Não deixei a bola cair e mandei um petardo na forquilha. Um golaço. A torcida toda aplaudiu. Foi uma coisa de louco. Nunca me esqueço, por que um amigo, que era zagueiro do Primavera, se casou neste dia e não pode jogar. Ele dizia que eu só fiz aquele gol porque ele não estava lá. Porque, se estivesse, ele fazia falta, mas não deixava eu passar”, recorda.

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Sicupira adora pegar de primeira na bola. Pelo Corinthians, em 14 de dezembro de 1972, fez um que levou o Pacaembu inteiro a aplaudi-lo. O Timão precisava ganhar do Ceará para continuar vivo no Campeonato Brasileiro. O adversário jogava pelo empate. Foi então que Sicupira entrou de vez para a história do alvinegro paulista. O jogo estava chegando ao final, quando Nelson Lopes cruzou e Sicupira conclui de primeira para o gol. O goleiro Hélio Show, que era o maior destaque da partida até aquele momento, se atrapalhou e a bola cruzou a linha para dentro do gol. Os 68.961 torcedores presentes no estádio festejaram a classificação, que levou o Corinthians a pegar o Botafogo na reta final daquele Brasileirão. O Timão precisava de um empate para ir à final, mas perdeu por 2 x 1. “Se a gente passasse, seríamos campeões. Ia pegar o Palmeiras na final. São Paulo ia tremer”, relembra Barcímio. Depois desta partida, Sicupira retornou para o Atlético.

Além de gols marcantes, Sicupira tinha outra especialidade. Fazer gols de bicicleta. “Eu não conheço outro jogador que marcou mais gols de bicicleta como eu. O Zico marcou um. O Pelé fez, mas não foram muitos. Eu marquei seis ou sete gols de bicicleta. Não conheço outro caso”, autoelogia-se, explicando por que decidiu parar aos 31 anos. “Eu parei porque fiquei aborrecido com os salários atrasados. Eu lembro que o presidente do clube era o Anibal Khuri e tinha uma excursão para o Espírito Santo. Os jogadores estavam chateados e a diretoria prometeu pagar uma parte para a família e uma parte para os jogadores, em Vitória. A parte da família foi paga, mas a dos jogadores não. Aquilo aborreceu e quando eu cheguei em Curitiba fui logo revertendo meu registro para amador. Nunca mais joguei”, afirma.

Rico

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“Eu era dono do meu passe quando eu sai em 1964 do Ferroviário para o Botafogo. Quando fui para o Rio, o Botafogo pagou 5 milhões de cruzeiros. Naquele tempo, era muito dinheiro. Eu nem sei quanto seria hoje. As pessoas diziam que o Sicupira ficou milionário. Chegando no Rio, eu fui morar em Copacabana. Como eu fazia Educação Física, estudava, cheguei respeitado. Naquele tempo, poucos jogadores faziam curso superior. Tinha o Samarone, do Fluminense, que virou médico e hoje mora em Cascavel. Tinha o Afonsinho, que fez medicina. Mas eram poucos. Além disso, com apartamento em Copacabana, o pessoal que morava no subúrbio, ficava no meu apartamento quando ia pegar praia. Como o Cafuringa, que ainda era novo. Ele era irmão do Chiquinho, que jogava comigo no Botafogo e hoje é papa de uma religião aí, a Igreja Messiânica”.

Lei do passe

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“Meu pai trabalhava na Federação Paranaense de Futebol. Ele sabia tudo sobre documentação de jogadores, contratos de gaveta, estas coisas. Ele ia me visitar no Rio de Janeiro e ficou amigo do pai do Afonsinho, que jogava no Botafogo e virou líder da luta contra a lei do passe. E o pai do Afonsinho começou a perguntar para o meu pai como funcionava a burocracia dos contratos de jogadores e meu pai foi contando. Aí o pai do Afonsinho contou, para o filho dele, que começou a lutar pelo direito dos jogadores e se tornou o primeiro jogador de futebol a liderar a luta contra a lei do passe.”