No começo de 1968 Roderley estava com tudo encaminhado para vir para Curitiba. Mas o time era outro: o Atlético. Foi aí que Jofre Cabral deu uma entrevista, afirmando que um diretor rubro-negro ia de carro na manhã seguinte buscar o jogador. A direção do Coritiba ouviu, ligou para o jogador, acertou tudo por telefone e mandou o diretor Munir Calluf, num avião fretado, trazer o atleta.
Quando os dois diretores do Atlético chegaram a Maringá, Roderley estava dando entrevista na capital como o mais novo reforço do Alviverde. “O pessoal do Atlético gostava muito de mim porque no dia 29 de outubro de 1967, nós fizemos um jogo no Joaquim Américo. O Atlético naquele ano fez uma campanha muito ruim e estava precisando da vitória para escapar do rebaixamento”, diz Roderley.
Faltavam apenas mais duas rodadas e o Rubro-Negro estava na lanterna. A partida terminou com vitória do Alvinegro por 4×2. “Depois que a partida terminou os jogadores do Atlético foram chorando para o vestiário. Eu vi aquilo, fiquei comovido e fui no vestiário consolar os jogadores”, lembra.
“Eu dizia: Vocês não precisam chorar, porque vocês são grandes e pertencem a um time grande. Se vocês caírem, vocês vão lutar e vão voltar. Isso não é nada. O Atlético é um grande time e não vai ser isso que vai mudar a história de vocês. E havia diretores do Atlético ali, eles ficaram impressionados com o meu gesto e gostaram”.
O Atlético ficou na lanterna, era para ser rebaixado e então houve a histórica virada de mesa que culminou com a permanência do clube na elite.
Dois meses depois, o Atlético começou a montar um timaço e Roderley estava saindo do Maringá. “O pessoal aqui em Maringá não estava pagando, atrasava salário e eu tinha que sair. O Atlético começou a montar aquele timaço e me procurou”, conta Roderley. No entanto, Altino Borba, que era advogado em Maringá e pai do radialista e técnico Borba Filho e de Luís Carlos Borba, ligou para o jogador afirmando que o Coritiba também tinha interesse.
Roderley disse que ficou num impasse. “Eu queria naquele momento era sair. O dinheiro que o Atlético oferecia era maior, mas era aquela coisa. O diretor do Atlético falou que ia vir, mas não estava ali enquanto o Coritiba mandou o Munir Calluf me buscar de avião. Eu não podia ficar hesitando. Eu pensei: se eu digo não para o Coritiba e o Atlético não vem? Eu vou ficar sem nada. E foi assim que eu aceitei a proposta do Coritiba”.