Lendas vivas

Roderley fala do sonho em jogar pela seleção brasileira

Roderley começou a jogar futebol no juvenil do Nacional, que foi um clube tradicional de São Paulo e entrou em decadência nos anos 50. Corintiano, ele foi incentivado a treinar no Nacional pelo primo Diogenes, lateral-direito do São Paulo em 1957 e 1958, além de jogar no Juventus. Roderley jogou bom tempo no juvenil B do Nacional, chegou a ser indicado para o Santos. Mas não deu certo e desistiu do futebol.

“Dois jogadores do Nacional foram indicados para o Santos. Eu e o Gonçalves, que jogou no Corinthians e era tio da Cassia Kiss, atriz da Globo. Nós fomos na Vila Belmiro, o negócio estava para sair e o Nacional queria mais dinheiro. O Santos disse não e contratou o Lima, do Juventus”, diz ele. “Aí quando eu estava com 22 anos resolvi parar com o futebol. Fui trabalhar no Laboratório Americano de Farmacologia. Trabalhei um ano e um dia o Edgard e o Gonçalves chegaram lá em casa dizendo que um pessoal do Corinthians me indicou para a Esportiva de Jacarezinho”, conta Roderley.

Ele pensou em recusar. “Eu ganhava 18 mil no Nacional e fui ganhar 25 mil no laboratório. Então resolvi endurecer e pedi 50 mil. Eles disseram na hora: nós pagamos. Foi aí que percebi que fiz um péssimo negócio. Na hora eu pensei: xiii!!!! Pedi muito pouco. Se pedisse mais eles pagavam. Foi assim que eu voltei para o futebol“, conta. Ele ficou pouco tempo na Esportiva, porque estava naquele jogo contra o Grêmio Maringá, que foi vencido duas vezes e foi contratado pelo Alvinegro ao lado de Maurício e Edgard.

“Nós estávamos ganhando aquela partida por 3×0 e eu dei um chapéu no Zé Garoto. Matei a bola no peito e fui devolver de primeira para o Maurício. Mas ela pegou efeito e entrou no ângulo. Marquei gol contra. Mesmo assim fui contratado”, conta ele.

Roderley recorda partidas como as que o Grêmio venceu a União Soviética por 3×2 e a Seleção da Romênia por 2×1, além da partida que o Coritiba fez contra a Seleção Brasileira com a camisa da Seleção Paranaense no dia 13 de novembro de 1968. “Foi inesquecível. Eu marquei o Pelé. Eu tive uma atuação impecável. Marquei o Rei do Futebol e fui muito elogiado. No dia seguinte o Estado de São Paulo me classificou como o melhor em campo”, conta ele. Hoje o velho jogador vive de sonhos. “Já sonhei que joguei na Seleção Brasileira com o Pelé, fiz gol em final, sonhei com os aplausos da torcida. Quando acordo eu vejo que foi sonho e gostaria que ele continuasse. Vivi momentos de muita alegria”.